2zv1w
Toda crise tem o tamanho que a ela damos. Se a dimensionamos como grande, ela será realmente grande. Se a encararmos como insignificante, é assim que ela será. E se não soubermos dela, se nem a percebemos, melhor ainda. Portanto, temos que estar na defensiva. Se formos muito influenciáveis, não devemos nos envolver muito. O bom mesmo é não tomarmos conhecimento dela. Encontro um amigo no Shopping e desejo-lhe um feliz ano novo, rogando que ele consiga grandes realizações e que tenha sucesso em tudo o que fizer. Coisas de praxe nestas épocas do ano. Estranhamente escuto dele uma resposta que não entendi; – Depende. Depende do que acontecer após a posse do homem. Redargui. – Que posse? Que homem? – Do Presidente americano! Você sabe que existe uma grande expectativa com o que poderá acontecer após a sua posse? – Equívoco, amigo. Nós não temos nada a ver com isso. Se problema há, que seja dele, não nosso. Por que nos envolvermos em crises alheias? Cada qual resolva as suas pendengas. Tenho certeza que ele, presidente americano, não está nada preocupado com os nossos problemas, com as nossas crises, então por que nos preocuparmos com as dele? Sobretudo, porque temos absoluta certeza de que nada podemos fazer para ajudá-lo. Ele ainda tentou arranjar argumentos para justificar o seu ponto de vista afirmando, com o discurso puído dos perdedores que veem em tudo a culpa do outro, evidenciando a nossa dependência, a globalização, o mercado externo, os yankes, o capitalismo selvagem, o imperialismo americano… Desculpem, deu vontade de pedir permissão e sair dali urgentemente. A nuvem negra da xenofobia que pairava sobre aquele espaço estava me contaminando e, sobretudo, me irritando muito. Lembrei-me de uma estorinha que circula na internet. Por ser tão pobre, não tinha rádio, televisão e, naturalmente, não lia jornais. Mas, produzia e vendia os melhores cachorros-quentes da região, pois sua esposa, mulher prendada, preparava, com muito carinho e amor o molho que dava qualidade àquele sanduíche. A lida iniciava muito cedo. Ele se preocupava muito com a qualidade do produto que usava, empregando sempre o melhor pão, a melhor salsicha e, sobretudo, o inigualável molho que sua esposa se orgulhava de produzir. Primava também pela divulgação do seu negócio, fazia uma tosca propaganda colocando cartazes pela estrada, distribuía sempre um pequeno brinde, normalmente uma balinha de goma, a todas as crianças que apareciam acompanhadas por seus pais; era sorridente, cumprimentava a todos com muita simpatia, tinha o hábito de evidenciar, sempre em voz alta, que aquele era o melhor sanduíche da região e que era produzido com muito amor e com as melhores matérias-primas, brindando com uma degustação aqueles que nunca tinham experimentado. Conquistou uma clientela fiel que crescia a cada dia, o que estimulava a uma melhoria constante do produto, das instalações, do atendimento e da divulgação. O menino cresceu e foi estudar Economia numa das melhores faculdades do país. Tudo, é claro, mantido pela modesta barraquinha de cachorro-quente. O tempo ou e eis que, finalmente, o filho já formado, voltou para uma visita aos “velhos”. Trouxe um amigo, também “economista”. Pararam o carro a certa distância da pequena barraca e, como todos os recém-formados, trataram de analisar a forma como era feito aquele tipo de “operação istrativo-comercial”. O filho, à distância, sentenciou: – É, o velho não evoluiu nada, ainda faz propaganda colocando estas placas ridículas em certos pontos da estrada; fala com todo mundo. Olha ali, ele continua oferecendo a estes “mortos a fome” uma balinha de goma, como brinde. – Veja como ele perde tempo, dando atenção àquele casal? – Olha! Parece que conhece todo mundo da aldeia. Veja como ele se dirige a esses pobres, como que sendo seus amigos">
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
”Um homem morava à beira de uma estrada, sem outro meio para manter a si e a família, montou uma barraquinha para vender cachorro-quente.
Tornou-se, por isso, um homem vencedor, amealhou pequena fortuna e, quando nasceu seu primeiro filho, assegurou para que estudasse nas melhores escolas e, diferentemente dele, conseguisse formatura em um curso superior.