Arquivos Díjna Andrade Torres a5n2v O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/dijnaandradetorres/ Sat, 15 Mar 2025 14:15:13 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 /wp-content/s/2018/07/cropped-ico-32x32.png Arquivos Díjna Andrade Torres a5n2v O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/dijnaandradetorres/ 32 32 Aracaju é terra indígena! 2d66s /blogs/aracaju-e-terra-indigena/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 15 Mar 2025 11:15:03 +0000 <![CDATA[Blogs]]> <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> <![CDATA[blogs2025]]> /?p=579192 <![CDATA[

Ainda criança e sempre curiosa, perguntava às pessoas sobre a origem do nome da cidade em que nasci e me criei. Aracaju, é de arara com caju? Na minha família, todo mundo contava uma história de que Aracaju era a terra dos cajueiros e dos papagaios. Mas, e de onde vieram as araras, eu me […] 4e1166

O post Aracaju é terra indígena! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Ainda criança e sempre curiosa, perguntava às pessoas sobre a origem do nome da cidade em que nasci e me criei. Aracaju, é de arara com caju? Na minha família, todo mundo contava uma história de que Aracaju era a terra dos cajueiros e dos papagaios. Mas, e de onde vieram as araras, eu me perguntava. Ao longo dos anos, histórias controversas sobre a etimologia da palavra Aracaju surgiam de diversas frentes. Nos discursos oficiais, como os da prefeitura da cidade, governo do Estado e governo Federal, Aracaju significa “cajueiro dos papagaios”, uma palavra composta por dois termos indígenas: “ará”, que significa ´papagaio´, e “acayú”, que significa ´fruto do cajueiro´. Como essa história é a que mais parece com a que ouvi dos meus familiares, eu acho que vou preferir ficar com ela, porém, existem várias versões e é interessante pensar sobre a diversidade das histórias que compõem o nome da aniversariante do mês de março, pois todas elas desaguam para o mesmo lugar: Aracaju vem do Tupi e se vem do Tupi, é porque é uma terra indígena.

 

Você, que chegou até aqui, pode estar se perguntando: Mas o Brasil não era todo indígena? Sim, mas por que não falamos ou falamos tão pouco sobre isso nas escolas? A nossa formação de base ainda trata a nossa origem com inúmeras ressalvas e quase nada de informação. Quando falamos dos territórios indígenas, eu me lembro que apenas a lenda do Cacique Serigy, que muitos chamam de maldição, e que é reada como uma batalha em que Serigy é o vilão e os portugueses os mocinhos que trouxeram o avanço e o progresso, até transformar a nossa cidade num tabuleiro de xadrez, para mostrar que ela é super organizada, e que de tão parecida com um tabuleiro, acabou ficando quadrada em outros aspectos também.

 

Na escola, quando muito, aprendíamos um pouco sobre a etimologia de algumas palavras como a própria Aracaju, ou Itabaiana, Itabi, Pacatuba, Japaratuba, Gararu, Siriri, Indiaroba, Canhoba, Aquidabã, entre tantas outras que dão nome aos municípios que carregam essa ancestralidade tal qual todo o estado. Para além disso, lembro que no mês de abril, período dedicado à luta dos povos indígenas no país, durante as “apresentações” dos Kariri-Xocó, etnia indígena, que eram convidados como se fossem um grupo de cultura popular, ou de folclore, termo utilizado anteriormente, as alunas e os alunos, de maneira geral, eram desrespeitosos, e boa parte do corpo docente reforçava o olhar de que os povos originários são avessos ao tal progresso.

 

Mas, de que progresso estamos nos referindo? De acordo com a historiadora Emília Viotti da Costa, “um povo sem memória é um povo sem história”, e, já dizia o povo chileno: “um povo sem memória é um povo sem futuro”. Ou seja, se quisermos pensar em um futuro, devemos recorrer à nossa ancestralidade, às memórias que estão enraizadas nos solos daqui. Enquanto muitos buscam o progresso com as construções de grandes caixas de sapatos para amontoar pessoas em poucos metros quadrados, ou a construção de grandes condomínios à beira rio ou à beira mar, com experiência de praia privativa e banhos de mar regados a cheiro de esgoto e morte, uma minoria têm lutado para inserir na educação de base e formal, o ensino da cultura e história indígena e afro-brasileira, que são previstas em lei, de modo a inserir os próprios povos na elaboração e formação docente e discente para tentar preservar o pouco que resta de nossa memória.

 

E preservar a nossa história, mesmo dentro de um ambiente que deveria ser circular e cheio de curvas, mas foi desenhado para ser quadrado, aterrado, inflexível e reto, é fundamental e imprescindível, sobretudo diante de tantos fatos urgentes como as grandes tragédias provocadas justamente por causa do tal progresso. Uma cidade que foi planejada, mas não tem plano diretor, uma cidade que beira o rio, mas constrói às margens, que ama quebrar o caranguejo nas mesas e nos palcos, mas aterra os mangues, será que o xeque-mate do tabuleiro vai ser o aterramento do mesmo ou vamos conseguir inserir as linhas da nossa história por toda a cidade?

 

Eu sei, eu deveria estar parabenizando a cidade em que nasci, mas como uma boa filha da terra, aracajuana nata, apaixonada e uma mulher com corpo, essência e raízes indígenas como eu, não poderia deixar de lembrar que a minha cidade amada, que completa 170 anos de colonização, é um território indígena. E se você, cara leitora e caro leitor, assim como eu, quer saber mais sobre a nossa história, questione, procure saber, faça um Arrudeio com Osvaldinho, uma visita ao Museu da Gente Sergipana, vá dar um giro no mercado e na colina do Santo Antônio, compre os cordéis de Chiquinho do Além Mar, os livros das professoras Aglaé Fontes, Beatriz Góis Dantas, Maria Thetis Nunes, Terezinha Oliva, do mestre Severo D’Acelino, e o portal Kizomba dos Saberes.

 

Além disso, em breve, teremos Originários, a primeira série indígena de Sergipe, dirigida por duas sergipanas, Héloa e Daniella Hinch, e realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, que irá trazer mais informações sobre a história indígena em Sergipe, uma história que não conhecemos e que precisamos conhecer, afinal, como cita o grande filósofo, ambientalista e primeiro indígena imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, “o futuro é ancestral”, e só preservando a nossa memória e conhecendo a nossa história é que conseguiremos existir neste mundo.

 

 

O post Aracaju é terra indígena! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
Corpos sob controle 5py2o /blogs/dijnaandradetorres/corpos-sob-controle/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 13 Jul 2024 14:50:20 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> /?p=548344 <![CDATA[

Toda mulher já foi abusada. Essa frase pode parecer chocante, mas é uma realidade. Nos deparamos essa semana com casos emblemáticos que, infelizmente, são uma realidade para muitas e há muitos anos, e que só recentemente tem sido publicizada de forma mais ampla, encorajando outras mulheres a denunciar mais casos de abuso. Destaco que abuso […]

O post Corpos sob controle apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Toda mulher já foi abusada. Essa frase pode parecer chocante, mas é uma realidade. Nos deparamos essa semana com casos emblemáticos que, infelizmente, são uma realidade para muitas e há muitos anos, e que só recentemente tem sido publicizada de forma mais ampla, encorajando outras mulheres a denunciar mais casos de abuso. Destaco que abuso não é somente o sexual, o estupro, apesar de que este, é uma das formas mais violentas e perversas de controle.

 

Violar nosso corpo, que é algo verdadeiramente nosso, é a cereja do bolo do machismo e do patriarcado. Se nem o corpo da mulher pertence a ela, o que a ela pertence? Não há liberdade quando existe um sistema que nos submete às mais variadas e cruéis formas de violência. Mulheres que precisam se encaixar em padrões de beleza, mulheres que são dependentes financeiras e emocionais de parceiros que se sentem confortáveis e eu diria que há ainda um sadismo em seus confortos, para submetê-las a seus domínios até quando eles quiserem.

 

Uma mulher não pode querer ser mais, pois é justamente na construção do amor e da confiança que a perversidade do machismo irá operar, para tirar dela tudo aquilo que este homem não consegue ter, uma carreira ascendente, segurança em quem é, e ainda a beleza. Para isso, o homem mediano cria a disputa entre nós, para se sentir melhor, superior, para ferir no âmago aquela mulher que parece indestrutível e inabalável. A mulher que não ou por isso, acredite, ainda irá ar, porque assim o machismo estrutural opera, com a perversidade das ações e o consentimento de toda a sociedade.

 

Se a mulher expõe uma traição, há um exército de mulheres e homens que procuram todas as justificativas possíveis: se apaixonou e confiou rápido demais; expôs demais o relacionamento; fez muita propaganda do marido; engordou; emagreceu; trabalha demais; não trabalha; não quer ter filho; quis ter filho rápido demais; mas por que só agora? A única coisa que não questionam é o caráter de quem comete a perversidade de trair uma mulher no final da gravidez, por exemplo. A única coisa que não questionam é a crueldade de tocar o corpo de uma mulher enquanto ela dorme, por se sentir no direito de ser dono dela, por exemplo.

 

E aí surgem os teóricos e as teóricas da internet para justificar a adoção da não-monogamia nas relações como se a traição só acontecesse na forma de se relacionar sexualmente com alguém. Justificam o não amadurecimento dos homens e até mesmo a criação das mães que são as culpadas para que seus filhos sejam assim quando crescem, afinal, da hora em que nasce até a hora em que morre, acho que até depois da morte, a culpa é sempre da mulher.

 

Para além de buscar justificativas ou ditar a forma como você faria se fosse com você, experimente vestir a sua própria pele e não hostilize as vítimas. Não existe receita de bolo para relacionamentos, mas existem pessoas que são perversas, que agem com mau caratismo e que colocam tudo a perder porque inconscientemente ou não, se sentir menor que uma mulher é uma grande ofensa para muitos homens, por isso, violar seu corpo de alguma forma, seja através de um abuso sexual, verbal, ou através da violação da lealdade e criação de disputa entre mulheres, é a forma legítima e aceita pela sociedade que adora vender o amor romântico, mas odeia a possibilidade de qualquer relacionamento dar certo. Por fim, aquele velho cliché: nem todo homem, mas sempre um homem.

 

O post Corpos sob controle apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
A prática da teoria 24711c /blogs/dijnaandradetorres/a-pratica-da-teoria/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 17 Feb 2024 10:44:33 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> <![CDATA[blogdijnatorres]]> /?p=528194 <![CDATA[

São tantas questões e polêmicas que surgiram ao longo dos últimos dias, que fica até difícil escrever semanalmente sobre alguma delas. Porém, é importante a gente pensar sobre uma questão social que é bem problemática. Eu sei que eu repito muito e falo muito sobre isso aqui, que é a questão do racismo, mas a […]

O post A prática da teoria apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

São tantas questões e polêmicas que surgiram ao longo dos últimos dias, que fica até difícil escrever semanalmente sobre alguma delas. Porém, é importante a gente pensar sobre uma questão social que é bem problemática. Eu sei que eu repito muito e falo muito sobre isso aqui, que é a questão do racismo, mas a gente precisa continuar dialogando sobre ele e eu vou dizer os motivos.

Ouvi recentemente de uma pessoa que ficar dialogando sobre o racismo, sobre o machismo, sobre a homofobia faz com que essas discriminações e esses crimes se perpetuem cada vez mais. Eu penso diferente. Quando a gente silencia, a gente camufla o problema, a gente não enfrenta a questão e as violências seguem acontecendo.

Se a gente se cala, os crimes irão crescer cada vez mais, pois as pessoas que os cometem não vão se sentir mais constrangidas. Afinal, não vai ter quem fale ou reclame sobre isso, não vai ter quem aponte o dedo e recrimine. Porque a grande questão é que, quando os crimes são descobertos, as pessoas, algumas, não todas, ou são punidas, ou repensam e mudam o comportamento. Talvez, muitas não mudem nos seus ambientes e bolhas privadas, mas no espaço público, vão repensar a forma como falam e como agem.

Por isso é importante que a gente discuta e siga falando sobre o assunto, precisamos desconsiderar a versão rasa de que tudo é mimimi e tentar compreender as nuances que são atravessadas pelo racismo. E em se tratando de racismo e de classismo, nós temos uma situação interessante que reflete muito do que acontece em nossa sociedade, que é a situação do rapaz de 21 anos, participante de um reality show, o Big Brother Brasil, Davi, motorista de aplicativo, um homem preto de periferia baiana, ou seja, preto, nordestino, e que tem sido alvo de suspeitas e acusações.

Algumas pessoas na internet falam que ele está sendo protegido, que agora basta a pessoa ser de uma minoria para conquistar alguma coisa, e eu fico me perguntando, onde essas pessoas estavam esse tempo inteiro? Eu acredito que do alto e no conforto dos seus privilégios, muita gente não conseguem compreender a importância de ver pessoas pretas, jovens ou não, não sendo subservientes. Por que um preto em posição de discordância é uma ameaça?

A nossa sociedade abomina as pessoas que discordam, sobretudo as pretas, que ao discordar em um grupo privilegiado, são imediatamente taxadas de arrogantes, soberbas ou não comprometidas. É tão difícil assim a sociedade compreender que existem pontos de vista diferentes e que você, no topo do seu privilégio, não pode ditar aquilo que é certo ou não a outra pessoa? Será que é tão difícil a gente descer um pouquinho do pedestal e começar a pensar que existem outros mundos além dos nossos?

Eu pergunto a vocês, como, independente da leitura e do letramento racial, que as pessoas, sobretudo as brancas, que se intitulam antirracistas, que afirmam promover o letramento racial, na prática, tratam as pessoas pretas? Eu estou falando de tratamento sem justificativas, sem as nuances dos “favores”, das “oportunidades” que estão promovendo como se fossem verdadeiras salvadoras do movimento.

Seja no ambiente de trabalho ou em templos religiosos, não importa quais, como as pessoas pretas que não têm destaque na sociedade, que não são pessoas famosas, que não são pessoas que ocupam cargos de poder, estão sendo tratadas, quando a sua utilidade é apenas servir? Vamos começar a pensar sobre isso?

Quero destacar que não estou falando que é para a gente fazer um paredão e começar a atirar pedra em quem erra. A política do cancelamento é muito perigosa porque todo mundo é ível de ser cancelado. Todo mundo comete erros ou já cometeu. Afinal, a desconstrução é um movimento constante. E o aprendizado também. Porém, as pessoas que se dizem letradas e os espaços que se dizem de resistência e de chão preto têm por obrigação ter uma conduta de fato antirracista.

Vale lembrar que o Antirracismo é muito mais sobre prática do que sobre discurso. Questione-se se em ambientes letrados ou não, se há uma exploração indevida, se há algum tipo de ameaça sutil, se há algum tipo de violência psicológica, a exemplo do próprio BBB, onde tratar alguém com indiferença, suspeita, inferiorização, ou como se as necessidades dela e as coisas dela não fossem íveis de preocupação é também uma violência. Por isso, digo e repito, nós, aliadas e aliados da luta antirracista, estamos combatendo ou corroborando para que o racismo seja extinto ou perpetuado nos espaços?

Pensem nisso.

Axé!

O post A prática da teoria apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
Onde está a aldeia? 286714 /blogs/dijnaandradetorres/onde-esta-a-aldeia/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 13 Jan 2024 10:52:48 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> <![CDATA[blogdijnatorres]]> /?p=523799 <![CDATA[

Uma vez eu li um provérbio africano que dizia que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Muito bonito e eu concordo muito com esse provérbio, até por ser uma pessoa que está inserida diretamente na educação como professora e que acredita na educação como uma ferramenta chave para mudanças e transformações maravilhosas […]

O post Onde está a aldeia? apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Uma vez eu li um provérbio africano que dizia que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Muito bonito e eu concordo muito com esse provérbio, até por ser uma pessoa que está inserida diretamente na educação como professora e que acredita na educação como uma ferramenta chave para mudanças e transformações maravilhosas na vida dos seres humanos. Mas, na prática, a aldeia se resume a uma, duas, três pessoas no máximo. A aldeia usa outro provérbio: Quem pariu Matheus que balance. A aldeia promove debates, rodas de conversa, eventos, seminários sobre a importância do acolhimento, da sororidade, sobre a importância de inserir as mães em todos os espaços, a importância de insistir para que as mães participem das coisas, mas na prática, onde estão esses espaços?

 

Afinal, qual é o tipo de preocupação que a sociedade tem com as mães? Uma vez eu perguntei em uma das minhas redes sociais quais eram as empresas em Sergipe que tinham espaços para que as mães pudessem levar os seus filhos quando precisassem. Coisas básicas, até um fraldário, espaço para trocar a fralda da criança, um espaço para amamentar, ou seja, o básico. Todo mundo me respondeu assim: “aqui eu não conheço, não sei, não faço ideia. Poderia me dizer também, quando você descobrir?”. Essas foram as respostas que eu recebi. Mais uma vez, entrando nesse assunto sobre a maternidade, a gente precisa pensar de maneira efetiva que a representatividade da mulher nos espaços nem sempre garante que as mães e suas crianças sejam acolhidas quando necessário.

 

É necessário observar que muitas vezes as mulheres também têm comportamentos que são alinhados ao machismo, que são alinhados à lógica patriarcal, que são alinhados à lógica da exclusão das mães, até porque o machismo é estrutural em nossa sociedade e ela foi construída em cima dessa lógica, portanto, não basta ser mulher e ser uma mãe, é preciso romper com a lógica do patriarcado para avançarmos enquanto sociedade que busca a igualdade a partir do respeito às diversidades. A sociedade, sobretudo a sociedade do trabalho, trata as crianças como se fossem um peso, um estorvo, algo que atrapalha a produtividade. Obviamente isso acontece muitas vezes de maneira sutil, outras nem tanto.

 

No dia a dia, quando a mãe precisa levar o filho ao médico, quando a criança está doente em casa, quando a mãe precisa levar a criança para o trabalho porque não tem com quem deixar, a interpretação e o olhar do outro é o de julgamento. Acreditam que licença maternidade é o mesmo que férias, acreditam que doença de criança e consultas são “desculpas” para faltar ou sair mais cedo. Me impressiona a falta de memória de muitas pessoas de como é conviver com uma criança ou de como é ser uma criança. Por isso, antes de citar um discurso bonito, de que é muito favorável às carreiras das mães, vamos ser práticas e pensar criticamente sobre o que a gente faz para que as mães possam ter uma carreira?

O post Onde está a aldeia? apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
Uma colher de mel na boca 1w2a45 /blogs/dijnaandradetorres/uma-colher-de-mel-na-boca/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 09 Dec 2023 11:00:44 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> /?p=520560 <![CDATA[

A mitologia dos Orixás apresenta inúmeros contos (itans) que se aproximam com o nosso cotidiano e apresentam formas de lidar com as adversidades que encontramos ao longo da vida. Ontem, dia 08 de dezembro, foi dia de celebrar a Orixá Oxum. Dentro de minha crença, que é o Candomblé, Oxum é uma divindade que rege […]

O post Uma colher de mel na boca apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

A mitologia dos Orixás apresenta inúmeros contos (itans) que se aproximam com o nosso cotidiano e apresentam formas de lidar com as adversidades que encontramos ao longo da vida. Ontem, dia 08 de dezembro, foi dia de celebrar a Orixá Oxum. Dentro de minha crença, que é o Candomblé, Oxum é uma divindade que rege as águas doces, é a mais política e estrategista das Orixás, aquela que com uma colher de mel na boca afirma que tudo pode ser dito.

 

Em alguns itans sobre Oxum, encontramos narrativas repletas de movimentos sinuosos, como o movimento das águas doces, que com sua calmaria em superfície, esconde a profundidade e os mistérios em camadas que só se revelam para quem deseja mergulhar e se arriscar. Mas, viver é um risco. E viver enquanto mulher é ainda um risco muito maior. Por isso, Oxum traça estratégias e maneiras de sobrevivência para mostrar que nem sempre uma guerra se ganha com armas e força física.

 

A partir de suas estratégias políticas, Oxum dialoga com os mais raivosos, com os que estão dispostos a destruir tudo, com os mais poderosos e déspotas. É com o mel na boca, que Oxum se movimenta entre os perigos, enfrenta seus inimigos, colhe informações e as utiliza a seu favor com perspicácia, leveza e sagacidade. Enquanto o mundo ocidental só a enxerga através do espelho da beleza e feminilidade, Oxum domina em silêncio, enquanto gesta e executa planos de poder.

 

Oxum está em todas as mulheres e todas as mulheres estão em Oxum. Afinal, como enfrentar os grandes desafios do mundo estruturalmente machista e patriarcal sem sermos ouvidas? Como lutar por igualdade de direitos quando os que estão em posição de privilégio não desejam compartilhar o poder? Por que as mulheres precisam se esforçar muito mais para ter o mínimo de destaque em seu trabalho? Por que o cuidado com o lar, com a família é um impedimento para que as mulheres cresçam em suas carreiras?

 

Vamos refletir para que sejamos como Oxum, estratégicas, versáteis, persistentes em nossos propósitos, com muito amor próprio e sempre com uma colher de mel na boca, para que tudo que seja dito seja ouvido, seja compreendido e seja, de fato, modificado.

 

 

Ora Ye Ye O !

O post Uma colher de mel na boca apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
O sustentável é o hype j2w3g mas ninguém quer sustentar /blogs/dijnaandradetorres/o-sustentavel-e-o-hype-mas-ninguem-quer-sustentar/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 25 Nov 2023 11:30:23 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> /?p=518829 <![CDATA[

Há alguns anos, o hype do momento, ou seja, o que está dando o que falar, é a crise climática e formas de desenvolvimento sustentável que podem ser adotadas por empresas e instituições para se tornar “amigo do meio ambiente”. Essa expressão já é errada em sua composição. Do meio ambiente não podemos ser amigos, […]

O post O sustentável é o hype, mas ninguém quer sustentar apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Há alguns anos, o hype do momento, ou seja, o que está dando o que falar, é a crise climática e formas de desenvolvimento sustentável que podem ser adotadas por empresas e instituições para se tornar “amigo do meio ambiente”. Essa expressão já é errada em sua composição. Do meio ambiente não podemos ser amigos, nós somos parte dele. Esse é o primeiro ponto.

 

E como parte integrante do meio ambiente, da natureza, do ecossistema, como quiserem chamar, é estranho e curioso pensar que estamos destruindo a nós mesmos o tempo todo e nos achamos seres conscientes a ponto de reconhecer o problema, mas achar que colocar um selo de sustentabilidade em seu produto ou plantar uma árvore no dia 21 de setembro com a turma da escola do seu filho é a grande solução para acabar com a crise climática, com o calor extremo, com as grandes enchentes.

 

Mas, vamos falar de Sergipe porque o mundo é grande, o Brasil também e todo mundo já sabe que a Amazônia está em chamas por conta da grilagem e dos desmatamentos para criação de gado e plantação de soja e eucalipto. Inclusive, para quem ainda não sabe, no inicio de 2023 saiu uma pesquisa com dados do IBGE, que no Brasil tem mais gado que gente (prova disso é a eleição de 2018, brincadeirinha, não podia perder a piada), e as regiões onde se concentram o maior número do rebanho são as regiões Centro-Oeste e Norte, regiões que mais estão sofrendo com as queimadas.

 

Em se tratando de Sergipe, agora vai, temos algumas questões muito sérias, a exemplo da especulação imobiliária crescente nas regiões extrativistas, fazendo com que os territórios da mangaba, fruta deliciosa e símbolo do estado, esteja em vias de extinção, para dar espaço aos grandes condomínios. Além disso, despertou-se, de repente, um grande amor pelo camarão, o que é curioso, já que a construção de grandes viveiros tem trazido graves danos a muitas comunidades.

 

Recentemente, no mês da consciência negra, no mês em que Brejão dos Negros finalmente recebeu o reconhecimento oficial pelo Estado Brasileiro como território quilombola, devidamente demarcado, suas lideranças recebem ameaças de morte e ameaças de retirar a demarcação e o reconhecimento das terras. Também recentemente,  a Reserva Extrativista das Catadoras e Catadores das Mangabeiras recebeu o Termo de Autorização de Uso (TAU) do terreno cedido pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU), e isso incomodou bastante aos que gostariam de construir mais condomínios.

 

O foco é expandir, é construir, cimentar, concretar. Tira árvore, desmata, polui mangue, aterra, mas bota umas lixeiras coloridas de reciclagem que está tudo certo, bota umas placas solares, um parque eólico e a amizade com o meio ambiente continua. Ano que vem tem eleições novamente, prestem bastante atenção em quem é “amigo do meio ambiente” e em quem de fato é integrado a ele. Não se enganem por falsas promessas de cargos e casas, pois quando a gente fere a natureza, ela revida, e aí, não tem rico ou pobre que se salve de sua fúria e de sua justiça.

 

Pensem nisso. Percebam quem se cala diante de ameaças aos povos ribeirinhos, quilombolas, indígenas. Percebam quem está lucrando, quem está sorrindo aos quatro cantos. Estejam atentas aos sinais e estejam prontas para mudar seus hábitos e entender que, o seu voto, pode também influenciar na luta pela preservação da vida.

 

 

O post O sustentável é o hype, mas ninguém quer sustentar apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
O cuidado que dá muito trabalho 4m703 /blogs/dijnaandradetorres/o-cuidado-que-da-muito-trabalho/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 11 Nov 2023 11:25:04 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[bfonet]]> /?p=517288 <![CDATA[

Em primeiro lugar, gostaria de me desculpar por um texto cansado, daqueles que você só escreve porque não quer perder o timing da coisa e é justamente por estar esgotadíssima que eu quero comentar o tema da redação do Enem deste ano. Afinal, quando a gente pensa no termo economia do cuidado, essa composição de […]

O post O cuidado que dá muito trabalho apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Em primeiro lugar, gostaria de me desculpar por um texto cansado, daqueles que você só escreve porque não quer perder o timing da coisa e é justamente por estar esgotadíssima que eu quero comentar o tema da redação do Enem deste ano. Afinal, quando a gente pensa no termo economia do cuidado, essa composição de palavras bonitas e necessárias, a gente acredita em uma situação ideal e idealizada que, na maioria das vezes, inexiste.

O dia de uma mulher adulta parece que tem 36 horas, sobretudo quando ela tem crianças para cuidar. “Ih, lá vai ela reclamar da maternidade de novo…”. Sim, é um fato que as mulheres mães têm sobrecarga maior e realizam trabalho invisível não remunerado e não reconhecido nem dentro de casa, nem fora dela. Se você calcular o trabalho doméstico desde a sua infância, as inúmeras vezes de faxina na casa, preparo das refeições, roupas lavadas e adas, ensinar as lições da escola às crianças, planejamento de compras, de contas, de vida, quanto daria?

De acordo com dados da FGV, lançados recentemente, as mulheres brasileiras dedicam 25 horas semanais aos trabalhos domésticos e não são remuneradas por isso. Não há como pensar e discutir igualdade de gênero quando sabemos que às mulheres são delegadas as tarefas domésticas e de maneira dispare. Muitas pessoas que se acham as provedoras de suas casas e famílias acreditam que basta pagar que a mágica é feita.  Paga uma empregada, paga uma babá, paga uma marmita, paga adeira, paga motorista, paga escola integral e tudo se resolve.

Não. Adultos funcionais não têm mente escravagista. Adultos funcionais, mesmo que possam e queiram pagar por serviços, precisam fazer o mínimo e entender que suas mães, avós, parceiras, filhas, não são serviçais e que suas funcionárias não estão disponíveis para tudo o tempo todo, independente se há ou não um salário que seja pago. Dinheiro não paga tempo de qualidade em família, dinheiro não garante saúde mental em dia, pessoas não são robôs e não devem ser tratadas como tal. E essa é uma questão seríssima de invisibilidade do trabalho e da total falta de cuidado com a economia.

Para além da economia do cuidado, as mulheres ainda precisam lidar com as desigualdades no mercado de trabalho, pois, além de não serem remuneradas e nem mesmo reconhecidas por manter a organização e o cuidado da família, recebem menos que os homens, precisam se esforçar mais para serem ouvidas e são descartadas quando não se submetem às condições degradantes e desumanas de trabalho. Precisamos parar de só pensar e escrever sobre isso e reivindicar nosso lugar visível, nossa voz ativa e gritar para extinguir o nosso cansaço com essa carga absurda que jogam em nossas costas que é a do cuidar do outro para depois cuidar de si.

O post O cuidado que dá muito trabalho apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
Viva Beatriz! 41j4h /blogs/dijnaandradetorres/viva-beatriz/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 28 Oct 2023 10:43:33 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> <![CDATA[blogdijnatorres]]> /?p=515492 <![CDATA[

Na semana em que comemoramos a Sergipanidade no dia 24 de outubro, nós celebramos também a excelência acadêmica e a trajetória da professora Beatriz Góis de Dantas, antropóloga e pesquisadora sergipana, que muito fez e muito faz pela preservação dos saberes da cultura popular de Sergipe. Um dia após o dia da Sergipanidade, dia 25 […]

O post Viva Beatriz! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Na semana em que comemoramos a Sergipanidade no dia 24 de outubro, nós celebramos também a excelência acadêmica e a trajetória da professora Beatriz Góis de Dantas, antropóloga e pesquisadora sergipana, que muito fez e muito faz pela preservação dos saberes da cultura popular de Sergipe. Um dia após o dia da Sergipanidade, dia 25 de outubro, Beatriz, que é professora emérita da Universidade Federal de Sergipe, recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica em Antropologia, promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).

É extremamente significativo que a professora Beatriz tenha recebido esse prêmio na semana em celebramos o orgulho à nossa identidade, não somente pela sua trajetória acadêmica, pela sua primorosa produção, mas, sendo uma mulher numa sociedade machista, patriarcal, na década de 80, onde a academia ainda era um local pouco habitado por nós. Beatriz se dedicou à academia, ao mesmo tempo, também se dedicou à sua família, aos seus filhos, ao seu marido, também pesquisador, historiador, Ibarê Dantas. E ainda assim, mesmo com tantas barreiras, ela conseguiu com muito louvor, com muita dignidade, realizar a produção de pesquisas inéditas e importantíssimas sobre as manifestações culturais no nosso estado.

Para quem ainda não sabe, a professora Beatriz é uma fonte de inspiração para mim, e foi por causa dela que eu segui a pós-graduação em Ciências Sociais. Quando eu ainda era estudante de jornalismo, na UFS, era a minha vontade fazer uma pesquisa sobre o folclore sergipano, na época a gente ainda utilizava esse termo, atualmente é um conceito que não se utiliza mais, foi quando a minha orientadora, a professora doutora Lílian França, me apresentou a professora Beatriz, que me recebeu em sua casa com tamanha generosidade e gentileza, abrindo caminhos para que eu pudesse desenvolver pesquisas em áreas semelhantes.

Assim é professora Beatriz, receptiva, acolhedora e que impulsiona, se empolga em ajudar as pessoas a desenvolverem pesquisas, a divulgar Sergipe e as suas tradições e saberes de uma maneira respeitosa, ética e séria. Se hoje eu tenho uma relação próxima às Mulheres Nagô da Irmandade Santa Bárbara Virgem e se tenho uma publicação de livro, foi porque a professora Beatriz me recebeu, me acolheu e me ajudou a direcionar as ideias de pesquisa, me impulsionando a seguir.

E é por isso  que celebro esse prêmio com muita felicidade, e celebro a existência da professora Beatriz, a minha primeira inspiração para cursar o mestrado e o doutorado nas áreas das Ciências Sociais, e que deve ser celebrada como grande inspiração para todas as mulheres sergipanas que fazem pesquisa e que sabem que o caminho só existe quando andamos juntas e porque tivemos mulheres como as nossas Beatrizes, Dantas e Nascimento.

Viva Beatriz!

O post Viva Beatriz! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
Salve a criançada! 725m2a /blogs/dijnaandradetorres/salve-a-criancada/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 14 Oct 2023 11:50:11 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> /?p=513808 <![CDATA[

Durante os meses de setembro e de outubro sempre tem festa para as crianças, seja por causa da data do dia 12, seja por conta da devoção à Cosme e Damião ou aos Ibejis. Muitas famílias pagam promessas com a oferta de caruru, sobretudo as que têm familiares que são gêmeos e que muitas vezes […]

O post Salve a criançada! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Durante os meses de setembro e de outubro sempre tem festa para as crianças, seja por causa da data do dia 12, seja por conta da devoção à Cosme e Damião ou aos Ibejis. Muitas famílias pagam promessas com a oferta de caruru, sobretudo as que têm familiares que são gêmeos e que muitas vezes aconteceu alguma intercorrência na gravidez ou no nascimento desses filhos. São diversas festas dedicadas às crianças e promovidas tanto pela religião católica, como pelas comunidades e povos de terreiro, que celebram com muita festa e alegria a importância e potência de uma infância vivida de maneira plena e feliz. É muito bom a gente celebrar a criança, a infância, aquela infância que tem a comida no prato, com brincadeiras, com liberdade e com segurança.

 

E é importante a gente destacar que essa celebração toca num ponto muito sério e pertinente, que é a questão de como estamos preservando a infância seja no Brasil, seja fora dele. E aí eu quero puxar para um assunto muito sério, que às vezes a gente só olha para a infância, quando crimes acontecem. Crianças que perdem a vida todos os dias por negligência do Estado, a exemplo das balas perdidas que sempre encontram um jeito de achar alguém. Crianças que são vítimas de tráfico humano, de crimes de pedofilia, de violência doméstica, de trabalho infantil. E quando os conflitos armados são escancarados, aí é uma chuva de tristeza, de comoção, de dor, quando morrem as crianças. E o resto dos dias? O que estamos fazendo por elas? Nossa empatia e dor até onde vão?

 

Crimes não acontecem da noite para o dia. Violência é um ciclo, é uma forma de dominação, de opressão, e não acontece como um caso isolado. É um grande sistema que se move a partir do que é conveniente aniquilar e do que é conveniente permitir existir. Quando há uma história cuja imprensa aponta uma dicotomia entre o bem o mal, a morte de crianças é sempre o primeiro ponto a determinar quem será o vilão. Mas, não estamos lidando com a ficção, estamos lidando com uma realidade que não é tão simples como num filme de suspense.

 

No Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, a violência começa a partir das desigualdades sociais, injustiças e da disputa pelo poder. A violência começa quando não reconhecemos o território alheio, quando não respeitamos modos de vida diferentes dos nossos e buscamos excluir tudo aquilo que não se mostra compatível com o que desejamos socialmente. Parece uma análise simples, mas só seria simples se o oprimido não tivesse o sonho em virar opressor, aí, quem sabe aqueles que um dia estiveram à beira de um genocídio completo, percebessem que um território livre evitaria a eterna prisão de ser algozes daqueles que um dia lhe acolheram.

 

Espero que um dia, a humanidade perceba que o olhar para a Infância evitaria todos os conflitos armados ou não, e nos salvaria da barbárie da autodestruição e do olhar egocêntrico para a forma de ver a vida como uma eterna vítima e não como responsável por tanta destruição. Que as crianças indígenas nasçam livres, que as crianças quilombolas cresçam livres e que as crianças palestinas vivam livres, e que todas as crianças do mundo possam sobreviver com dignidade, paz e comida farta no prato, como nas poucas horas em que participam nas festas de macumba.

 

Axé! Bejiró!

O post Salve a criançada! apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
A favor da vida z1q3t /blogs/dijnaandradetorres/a-favor-da-vida/ <![CDATA[Díjna A Torres]]> Sat, 30 Sep 2023 10:35:10 +0000 <![CDATA[Díjna Andrade Torres]]> /?p=511816 <![CDATA[

Setembro é um mês dedicado a muitas datas relacionadas às crianças, a exemplo do dia 17, Dia de Valorização do Cartão de Vacinação, 22 é Dia Internacional da Juventude e também Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, e 26 é o Dia Estadual da Primeira Infância. Vale destacar que […]

O post A favor da vida apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>
<![CDATA[

Setembro é um mês dedicado a muitas datas relacionadas às crianças, a exemplo do dia 17, Dia de Valorização do Cartão de Vacinação, 22 é Dia Internacional da Juventude e também Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, e 26 é o Dia Estadual da Primeira Infância. Vale destacar que há também o dia 27, data que celebra Cosme e Damião e os Ibejis, da tradição religiosa afro-brasileira.

 

Com um mês tão cheio de atividades e reflexões voltadas às crianças e adolescentes, culminando nas eleições para compor o Conselho Tutelar, que neste ano acontecerá amanhã, dia 01 de outubro, um processo importantíssimo para escolher as pessoas responsáveis por atender, amparar e proteger esse público, o que mais chamou a atenção da imprensa foi a discussão moral sobre quem apoia ou não a descriminalização do aborto.

 

Diversas opiniões com cunho religioso, moral, dotadas, inclusive, da propagação de informações falsas, com a forja de dados inexistentes e argumentos criados pelas vozes da cabeça, o que leva a discussão de uma questão séria e de saúde pública para o abismo da ignorância do cidadão de bem que é a favor da vida, mas não dos métodos contraceptivos, é a favor da vida, mas detesta o Bolsa família, é a favor da vida, mas bandido bom é bandido morto. Uma linha de raciocínio que nem quem propaga, entende.

 

Quando pensamos na descriminalização do aborto e quando afirmo que é uma questão de saúde pública é porque precisamos sair do achismo de pensar que ao institucionalizar determinadas leis que protegem o corpo, que protegem a saúde da mulher, isso vai se tornar um hábito. “Se legalizar, todas as pessoas agora vão querer abortar”, bradam os ignorantes, destaco aqui que ignorante é aquele ou aquela que ignora a realidade. Isso é algo que as pessoas estão tratando de maneira superficial, rasa e inconsequente.

 

Precisamos ter cuidado quando emitimos as nossas opiniões em redes sociais. Precisamos ter cuidado com a maneira como a gente influencia. Ter cuidado para não cair em fake news, para não cair em processos de desinformação e piorar ainda mais situações que já são graves e delicadas. Quando a gente fala em relação ao aborto, e aqui eu estou falando como uma profissional de jornalismo e como uma pesquisadora na área de gênero, dentre tantas entrevistas que eu já fiz, de tantas mulheres e adolescentes que eu ouvi e que optaram por fazer o aborto, algumas delas correndo sérios riscos, nenhuma dessas mulheres achou divertido, todas elas sofreram, nenhuma delas comemorou ou colocou nos seus perfis de redes sociais ou incentivou outras mulheres a abortar.

 

Esse é um assunto muito delicado, e aí eu pergunto, de quem a sociedade está cobrando? Quem deveria ser realmente cobrado para que os casos de aborto fossem drasticamente reduzidos no país? Os homens. E por que eles não são cobrados?  Por que os homens não estão sendo cobrados em relação às suas condutas quando cometem abusos, estupros, quando se recusam a fazer vasectomia, a usar preservativo? Por que é tão difícil a sociedade itir e punir quem tem grande responsabilidade sobre isso? E aí, para além de uma educação que acabe com o machismo, que faz com que o homem tenha a certeza não somente da impunidade, mas de que ele é dono do corpo da mulher e de que ele pode fazer com o corpo da mulher o que ele quiser, inclusive sexo sem consentimento, é necessário questionar e cobrar mudanças neste sentido, em vez de culpabilizar, mais uma vez, as vítimas.

 

Onde estão essas pessoas defensoras da moral quando crianças estão na rua necessitando de ajuda? O que essas pessoas estão fazendo por elas? O que essas pessoas sabem sobre a primeira infância? O que esses grandes empresários e grandes empresárias que defendem tanto a vida fazem com as suas funcionárias que têm filhos? Quais são os planos das empresas para acolher as mães? Se vocês ainda não sabem, mas eu vou contar, no Brasil somente 16% das empresas têm algum tipo de plano para auxiliar as mães no cotidiano laboral. Ah, isso é uma obrigação? Sim, é uma obrigação, ou deveria ser.

 

Precisamos entender que a natalidade é algo extremamente importante para o desenvolvimento do país e a primeira infância é uma fase crucial para isso. Mas, as pessoas só estão se importando com uma questão de saúde da mulher por questões meramente morais ou religiosas, esquecendo de pensar para além de suas caixas. Estão vendo como esse caso é tão complexo? Como falar da descriminalização do aborto é algo que engloba várias questões que estão interligadas e que as pessoas simplesmente só querem discutir no âmbito da superficialidade? Bom, mais uma vez, estou aqui à disposição na minha coluna, na vida, em qualquer lugar, para que a gente possa fazer esse debate com seriedade, com qualidade, sem intolerância e principalmente, sem ignorância. O corpo da mulher tem que ser livre, afinal, meu corpo, minhas regras.

O post A favor da vida apareceu primeiro em O que é notícia em Sergipe.

]]>