Lúcio Prado 1p592u O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/lucio-prado/ Mon, 17 Jul 2023 01:43:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 /wp-content/s/2018/07/cropped-ico-32x32.png Lúcio Prado 1p592u O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/lucio-prado/ 32 32 Um encontro inesperado e prazeroso q4s4e /blogs/lucio-prado/um-encontro-inesperado-e-prazeroso/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Mon, 17 Jul 2023 01:32:36 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=502393 <![CDATA[

Representando os meus pares da Sobrames Sergipe e os confrades da Academia Sergipana de Medicina, estivemos na noite da sexta-feira ada ( 14/07/23), na cidade-mãe de Sergipe – São Cristóvão – para a solenidade de abertura do II Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes, que aconteceu na histórica Igreja e  […] 6g1re

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Representando os meus pares da Sobrames Sergipe e os confrades da Academia Sergipana de Medicina, estivemos na noite da sexta-feira ada ( 14/07/23), na cidade-mãe de Sergipe – São Cristóvão – para a solenidade de abertura do II Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes, que aconteceu na histórica Igreja e  Convento de São Francisco.
Foi uma cerimônia marcante, com exaltação à Pátria e aos valores históricos e culturais de Sergipe, coordenada pelo historiador Adailton Andrade, presidente da Confraria Sancristovense de Memória e História, promotora do evento.  O padre, advogado e imortal das Academias de Letras e de Educação, escritor e professor José Lima, proferiu a conferência magistral “Tobias Barreto na Literatura e na Filosofia”, discursando com proficiência sobre a vida e a obra desse notável conterrâneo, Patrono da Cadeira Número 38 da Academia Brasileira de Letras e Patrono da Cadeira 1 da Academia Sergipana de Letras. Além da manifestação do Padre Lima, tivemos a satisfação de ouvir o pronunciamento do confrade José Anderson Nascimento, que na condição de presidente da mais antiga instituição literária de Sergipe em atividade – a Academia Sergipana de Letras – saudou os participantes e as autoridades presentes, entre elas a artista e cantora Antônia Amorosa, presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe. Um dos pontos mais emocionantes da solenidade, ao final, foi a declamação do poema Monólogo das Mãos, de Ghiaroni, pela poetisa Dirce Nascimento,  do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, que foi ovacionada com muita emoção pelos presentes ao recinto sacro.
Durante o evento, tivemos a feliz oportunidade de conhecer o colega médico e cardiologista, Alberto Gomes Ferreira Júnior, que exerce atualmente o cargo de presidente da Academia de

Dr. Olympio Silveira

Medicina do Pará. Ele estava acompanhando o filho Alexandre, novo Capitão dos Portos de Sergipe, empossado em 7 de julho próximo ado. Um encontro inesperado e prazeroso. Curiosamente, dessas coisas que o destino nos oferece de forma inesperada, ele me propiciou um conhecimento inesperado e muito valioso  sobre um sergipano,  vulto da medicina brasileira. Apresento-lhes o Dr. Olímpio Almeida da Silveira, nascido em 12 de maio de 1879, em um engenho situado na cidade de Itabaianinha. Ao regressar em casa, corremos para o Dicionário que escrevemos e lançamos em 2010, para ver se havia o verbete dele. Decepção no primeiro momento, não encontramos, mas ao folhear as alterações, inclusões e correções feitas para a segunda edição, no prelo – revisada e ampliada – confrontei-me aliviado com a sua biografia.
Como a maioria dos jovens que queriam ser médicos no início do Século XX, seguiu para Salvador para estudar na primeira escola médica do Brasil, a Faculdade de Medicina da Bahia, formando-se em 11 de dezembro de 1905, defendendo a tese “Das relações da elefantíasis dos árabes com a filária do sangue”. Foram seus colegas de turma outros sergipanos: Adolpho Rabello Leite, Constantino da Silva Tavares Filho, Heráclito de Oliveira Sampaio, Moacyr Rabello Leite e Raul Henrique Schmidt.
Muitos deles, após a formatura, não voltavam pra sua terra de origem. Alguns ficavam em Salvador, outros rumavam para outros estados. Foi o caso Dr. Olympio, que seguiu para o norte do país, mais especificamente o estado do Pará. Entre os sergipanos da sua turma, de 1905, Adolpho seguiu para o sul da Bahia, onde atuou e permaneceu por toda a vida. Já Constantino regressou para Sergipe e depois voltou para a Bahia. Heráclito Sampaio transferiu-se para o Rio de Janeiro, Moacyr Rabello voltou para Sergipe e se estabeleceu em Propriá. Raul terminou deixando a medicina para se estabelecer em Salvador, como farmacêutico, instalando a Drogaria Caldas, a primeira de Salvador. Faleceu em 1962 e foi sepultado no Cemitério Campo Santo, nesta cidade.
Em Belém, Olympio foi médico da Casa Marítima e da Inspetoria do Serviço Sanitária. Com outros colegas,  foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, em 1919 e integrou, na condição de secretário, sua primeira diretoria. Por sua atuação na vida médica do Pará, foi homenageado como patrono da Cadeira de número 1 da Academia Paraense de Medicina.
O II Simpósio Nacional prosseguiu no final de semana, mas infelizmente não pude prestigiar por ter me comprometido previamente com outros eventos em Aracaju. De toda sorte, está de parabéns a Confraria Sancristovense de História e Memória, tão brilhantemente comandada pelo historiador Adailton Andrade, que perseverou na sua missão e conseguiu realizar em Sergipe, apesar de todas as dificuldades, um evento notável.

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O último número 6a4i6m /blogs/lucio-prado/o-ultimo-numero/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Wed, 29 Mar 2023 14:50:32 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=489582 <![CDATA[

Não poderia haver chamada mais dolorosa, o próprio periódico anunciar o seu fim: O último número! Assim mesmo, com letras minúsculas e itálicas! Estampada na primeira página do boletim que por 42 anos chegava pra gente encartado na Revista da Associação Paulista de Medicina, um suplemento de invariavelmente oito páginas. O boletim foi fundado em […]

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Não poderia haver chamada mais dolorosa, o próprio periódico anunciar o seu fim: O último número! Assim mesmo, com letras minúsculas e itálicas! Estampada na primeira página do

Capa do “último número”

boletim que por 42 anos chegava pra gente encartado na Revista da Associação Paulista de Medicina, um suplemento de invariavelmente oito páginas. O boletim foi fundado em 1980 por Duílio Crispim Farina, de saudosa memória, à época diretor cultural da APM, que o dirigiu por quatro anos até o número 23. No seu lugar, a partir do número 24, assumiu a editoria o psiquiatra Guido Palomba, que manteve acesa a chama até o seu último suspiro, ocorrido em outubro do ano que ou, mas chegando a atingir a expressiva marca de 320 edições. Não é pouco!
Muito triste constatar essa partida! Em 1985, quando entrei na vida associativa, na diretoria da Sociedade Médica de Sergipe, ei a conhecer a publicação e vibrar com o seu conteúdo. Nossas aspirações eram semelhantes e nos motivou, em 1993, na condição de presidente da entidade, a criar a seção Letras Médicas, no corpo do nosso jornal informativo. Tivemos na gestão iniciativas inusitadas, como ocorreu em 1995, ao celebrarmos os 100 anos do cinema. Se os irmãos Lumière vissem, nas enormes telas dos cinemas de hoje, filmes com cenas de ações eletrizantes ocupando todo o espaço do foco, certamente ficariam maravilhados e orgulhosos de sua invenção, dizia a matéria da edição 93.
Com um misto de tristeza e melancolia, li a manifestação do confrade Palomba, na edição terminal, a edição derradeira. Não é o sentimento do dever cumprido. Não, isso não me surpreende. É ver esse mundo que se transformou em uma chateação sem limites, é isso que me entristece. Sei que os tempos mudam, que o mundo mudou. Como diz Palomba, sofre a maior transformação desde que o homem, ainda macaco, desceu das árvores. É essa polarização real x virtual que me preocupa, como preocupa a você, que sempre esteve disponível para receber (e publicar) inúmeros escritos da vida real, de todas as tendencias e observações. Esse mundo virtual é volátil, está ao dispor dos ventos e das nuvens, mas é ainda pior porque destrói lentamente as conquistas mais exuberantes da humanidade, a cultura e arte que nos escorregam pelas mãos.
No rastro do sucesso do Suplemento Cultural da APM, foi criado o encarte cultural na revista informativa da Associação Médica Brasileira. Testemunhei esse legado enquanto permaneci diretor cultural da AMB, na gestão do Dr. Antonio Carlos Nunes Nassif. Promovemos concursos nacionais de prosa e poesia e espaços foram abertos para as manifestações culturais e artísticas dos nossos médicos. Infelizmente, o periódico morreu ainda na adolescência, por outros motivos.
O Suplemento Cultural da APM teve vida mais longa e partilhou a minha história de vida. Parte deixando saudades e um enorme vazio. Uma publicação que cresceu e se estabeleceu com a cara e a alma de Guido Arturo Palomba. Fará muita falta!

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Os sonhos mais lindos 5tho /blogs/lucio-prado/os-sonhos-mais-lindos/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Tue, 27 Dec 2022 03:16:15 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=476966 <![CDATA[

No alvorecer do primeiro dia de 2023, uma pessoa atinge o centenário de nascimento, cercada pelo carinho e iração da família e dos amigos. Ela é Natália Prado Dias, minha mãe, fonte inspiradora para filhos, netos, bisnetos, demais familiares e amigos. Naquele distante 1923, o mundo girava de ponta-cabeça, após uma violenta guerra que envolveu […]

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No alvorecer do primeiro dia de 2023, uma pessoa atinge o centenário de nascimento, cercada pelo carinho e iração da família e

Natália Prado com os filhos Marcos (de saudosa memória, Magali e Lucio

dos amigos. Ela é Natália Prado Dias, minha mãe, fonte inspiradora para filhos, netos, bisnetos, demais familiares e amigos.

Naquele distante 1923, o mundo girava de ponta-cabeça, após uma violenta guerra que envolveu vários países, inclusive o Brasil. O final da Primeira Guerra Mundial foi catastrófico e não resolveu os problemas dos vencedores e muito menos do grande perdedor, a Alemanha. A década terminou com a quebra da Bolsa de New York, em 1929, e no final da década seguinte sobreveio uma guerra ainda maior, iniciada em 1º de setembro de 1939 – a Segunda Guerra Mundial.

Com apenas 16 anos de idade, mamãe viu a guerra começar, conflito que só terminou quando ela já estava com 22 anos, já casada e com um filho. Apesar do palco das ações estar distante, na Europa e Ásia, as repercussões de uma guerra desse porte foram sentidas no Brasil e no pequeno estado de Sergipe, que teve o conflito mundial bem próximo, com o torpedeamento de navios mercantes brasileiros por um submarino alemão em 1942, o U-507, que deixou um rastro de quase 600 mortos somente no nosso litoral sul e em apenas um dia, de 18 a 19 de agosto.

A menina nascida na histórica cidade de Laranjeiras, no primeiro dia de 1923, foi o segundo filho de uma prole extensa do proprietário rural Valentim Vasconcelos Prado (1884-1933), que faleceu muito precocemente, com apenas 49 anos de idade. Ele era proprietário do Engenho Pati. A minha avó materna, originalmente Maria Botto Sobral (1897-1961), que aria a se chamar após o casamento de Maria Sobral Prado, era mais conhecida como vovó Maricas.

De tradicional família oriunda dos vales dos rios Cotinguiba, Sergipe e Japaratuba, seu pai era também um produtor rural, Francisco Botto Sobral, mais conhecido como Chiquinho do Cabral. Era costume de época o uso de pseudônimos com nomenclatura reduzida, diminutiva, mas em tom sempre carinhoso. Achava muito curioso o rosário de nomes dos irmãos e das irmãs de vovó Maricas: Rosinha, Mimosa, Neném, Maneca, Zazá, Donana, Faustinho, Tonico, Pombinha…

Alternando a vida no engenho Pati e na cidade de Laranjeiras, mamãe teve uma infância feliz ao lado dos irmãos Júlio, o mais velho, Iara, Lurdinha, Walter, José, Valentim e Edson. Com frequência, eles percorriam as terras vizinhas, em charretes e cavalos, de engenho em engenho, cruzando rios e riachos até chegar em Itaporanga d’Ajuda, onde moravam seus tios e primos.

Com a morte do patriarca em 1933, vó Maricas teve grande dificuldade para istrar o engenho e cuidar sozinha dos filhos. Foi então am

parada pelos irmãos Manoel Botto Sobral (Maneca) e Carolina Sobral Garcez (Zazá) e o esposo desta, Silvio Sobral Garcez, que adquiriu o engenho, com a família se transferindo para Aracaju, para residir na Rua Santo Amaro, no centro da cidade.

Recebendo uma pensão que se mostrou gradativamente insuficiente para cobrir as despesas de uma família grande, filhos pequenos, a permanência na capital não durou e ela resolveu aceitar os conselhos para uma nova mudança, agora para a cidade de Itaporanga, ando a residir em uma casa pertencente à família dos tios, bem em frente ao casarão dos Dias.

No casarão dos Dias, que quase tomava metade do quarteirão, vivia o ex-intendente municipal e proprietário rural Aurélio Dias Rezende – Aurelinho – casado com a minha avó Carmela (Carmelita) Conde Dias, a sogra dele, Theolinda Magalhães Conde e a irmã desta, Laurinda Magalhães Conde, mais conhecida na cidade como Dona Senhora, que

fora casada com o médico Aurélio de Mello Rezende, filho do também médico Manoel Simões de Mello, proprietário do Engenho Dira.

Nesse ambiente interiorano, de poucas oportunidades e de fortes laços parentescos, um jovem sente-se atraído por uma prima que morava em frente à casa dele. Antonio Conde Dias,  o jovem Tonico, assim era conhecido na cidade, apaixona-se então pela moça de olhos claros chamada de Natália. Alguns anos de namoro e em 1943 unem-se em casamento na Igreja de Nossa Senhora da d’Ajuda, padroeira da cidade. Dessa união, que perdurou por quase 50 anos, até a morte de papai, em 1992, vieram três filhos, na ordem, Marcos (1944), Magali (1947) e Lucio (1954).

Em 1961, a transferência para Aracaju, ando a residir na Avenida Ivo do Prado, 198, entre as ruas Estância e Maruim, torna-se imperiosa, para propiciar uma melhor educação aos filhos. Marcos já tinha pretensões em estudar Medicina. Magali era uma ginasiana e precisava de mais atenção dos pais, já hospedada na casa dos tios Iara e Arivaldo Carvalho e eu iniciando os estudos. A família enfrentou tempestades e dificuldades financeiras que pareciam intransponíveis. Com destemor, o casal enfrentou e superou tempos difíceis, deixando para todos nós um exemplo de tenacidade e determinação. Jovens, os dois já trabalhavam ainda morando em Itaporanga. Conseguiram a transferência dos empregos para Aracaju com muito esforço e labutaram muito para manter em bom nível a educação dos filhos.

Papai, em vida, foi um exemplo de conduta ética e cívica e de como se manter uma boa convivência; mamãe, amiga, companheira e

Capa do livro biográfico de Natália Prado Dias

incentivadora, sempre foi um forte rochedo que as ondas mais revoltas do mar não conseguiam abalar e, com essa determinação, chega aos 100 anos com um vigor incomum, mantendo acesa a vela da esperança, preservando seus costumes mais tradicionais, mas em dia com a tecnologia que a modernidade nos propicia, fazendo impressos no computador e navegando na Internet com destreza e habilidade, dando-nos exemplos permanentes de otimismo e disposição para as tarefas do dia a dia.

Vê-la centenária nos dias de hoje, com saúde, disposição, de bem com a vida, participando de todas as atividades do dia a dia, com entusiasmo e dedicação, mãe sempre presente na vida dos filhos, dos netos e dos bisnetos, dos sobrinhos e de toda a família, dos amigos, é extremamente gratificante. Tenho certeza de que traduzo o sentimento geral, como se todas as mãos estivessem pressionando o teclado do computador, com todos os corações batendo no como da emoção e as mentes iluminando o meu pensamento.

Para celebrar o Centenário de mamãe, que acontecerá em 1º de janeiro de 2023, toda a família reunida brindará o Ano Novo com o lançamento de Os Sonhos Mais Lindos, uma pequena resenha biográfica da família Prado Dias.

 

 

 

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Emoções demais! l2j3q /blogs/lucio-prado/emocoes-demais/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Mon, 31 Oct 2022 15:59:30 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=470245 <![CDATA[

Agradeço de coração a todos que participaram desse lindo projeto: EMOÇÕES, sexta antologia da nossa Sobrames. Alguns diretamente como autores de prosas e poesias: Ângela Almeida, Antonio Sousa, Antônio Claudio, Daniel Pio, Dagoberto Santana, Felipe Matheus, Francisco Rollemberg, Geraldo Leite, Hilmar Hortegal, José Abud,  José Cortes Rolemberg, José Marcondes, José Sérvulo, Lauro Fontes, Socorro Diniz, […]

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Agradeço de coração a todos que participaram desse lindo projeto: EMOÇÕES, sexta antologia da nossa Sobrames. Alguns diretamente como autores de prosas e poesias: Ângela Almeida, Antonio Sousa, Antônio Claudio, Daniel Pio, Dagoberto Santana, Felipe Matheus, Francisco Rollemberg, Geraldo Leite, Hilmar Hortegal, José Abud,  José Cortes Rolemberg, José Marcondes, José Sérvulo, Lauro Fontes, Socorro Diniz, Menilson Menezes, Miron Vidal, Roberto César, Rômulo Silva, Rosa Amélia e William Soares. Outros com textos memoráveis em homenagem ao médico-escritor Francisco Rollemberg: José Anderson Nascimento, Paulo Amado, João Lover e Cleiber Vieira.  Obrigado especial à ArtNer, pela edição e à Grafmarques, pela impressão.  A Joselito Miranda e Rose Miranda, pela diagramação e capa respectivamente. À bibliotecária Jane Guimarães e ao revisor Everton Santos.

Agradeço de coração a todos que participaram do lindo Sarau “EMOÇÕES”. Aos músicos da Banda

Lucio Prado com a Banda Sobrames e Pedrinho

Sobrames sob a regência do nosso maestro “soberano” João Alberto, com o seu violão mágico, Sérgio Lopes, músico e escritor, no teclado e os convidados especiais Tom Toy na percussão e Williame Rodrigues com o seu experiente violão, que há mais de dez anos acompanha Pedrinho, meu sobrinho-neto que abriu o Sarau e encheu o meu coração de alegria. Aos demais cantores, Miron Vidal, Marquinhos Aurélio e José Carlos Santana, o nosso querido Dom José do Ban, que “fechou a cortina” do espetáculo, ao ritmo do como do coração.

“Emoções” foi o  27º sarau temático da Sobrames Sergipe e mais uma vez teve pleno êxito. Sua apresentação no auditório do Museu da Gente Sergipana, seguido do lançamento da nossa antologia, no átrio, não poderia acontecer em outro local. Agradeço a Ézio Deda, a Ana

Francisco Rollemberg ladeado por Lucio Prado e João Lover

Paula e a Leninha, do Instituto Banese, pela cessão do espaço e uso das maravilhosas mesas do Café para os autógrafos. O coquetel, saboroso, foi de Juliana Doces e Salgados. Agradecimentos especiais às recepcionistas Andreza Constantino e Sara Thamires, a Gileno Santos no apoio à venda dos livros e Edvaldo Costa, pela logística geral. Os ensaios da banda e cantores aconteceram na Usina Estúdio. O controle da projeção e edição de vídeo foi de Gleydston Freitas, o nosso Palito. A sonorização do show, impecável, só podia ser de Rikeza.

A Academia Sergipana de Medicina e a Sociedade Médica de Sergipe são nossos parceiros contumazes, a eles agradeço pelo apoio de sempre. Finalmente, agradeço às pessoas que compareceram na tarde/noite de sexta-feira mágica, 21 de outubro de 2022 e puderam presenciar e partilhar tantas emoções.

Obrigado, mil vezes obrigado!

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Emoções no Museu 2v6h31 /blogs/lucio-prado/emocoes-no-museu-2/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Sun, 16 Oct 2022 17:09:41 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=468223 <![CDATA[

  A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional Sergipe, mais conhecida como Sobrames Sergipe, confraria que dirijo com muito orgulho desde a sua reativação há oito anos, lança pelo sexto ano consecutivo, a sua antologia literária – Emoções – em uma ação iniciada em 2017 com a publicação de Vida. De lá para cá, vieram […]

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Capa do livro

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional Sergipe, mais conhecida como Sobrames Sergipe, confraria que dirijo com muito orgulho desde a sua reativação há oito anos, lança pelo sexto ano consecutivo, a sua antologia literária – Emoções – em uma ação iniciada em 2017 com a publicação de Vida. De lá para cá, vieram Humanidades (2018), Sentidos (2019), Sinais (2020) e Prescrições (2021). Superamos o distanciamento social imposto pelo COVID-19, em 2020, com um encarte especial – os Diários da Quarentena –  e para fechar o ano exibimos o inédito Sarau da Quarentena, transmitido pelo Youtube com enorme sucesso.

Nesta edição, prestamos uma homenagem especial ao médico, escritor, poeta, historiador e imortal das letras Francisco Guimarães Rollemberg, que a a constar agora da nossa galeria de médicos escritores consagrados pelo conjunto da obra, ao lado de José Abud, Aírton Teles, Ranulpho Prata, Garcia Moreno e Eduardo Garcia, reverenciados em edições anteriores.

Continuar a publicação de antologias é uma das nossas metas à frente da Sobrames Sergipe, não só pela oportunidade de garantir a participação de colegas já iniciados na literatura mas principalmente, abrir as portas para receber os novos talentos, que se iniciam nessa atividade, o que é uma ação muito prazerosa.

As antologias literárias democratizam e facilitam o processo de publicação dos iniciantes, dando-lhes a oportunidade, de uma forma menos dispendiosa, de começar a caminhada literária para depois partirem para os seus voos individuais.

Como vem acontecendo nas edições anteriores, o espaço mais apropriado para essa ação não poderia ser outro: o Museu da Gente Sergipana, orgulho dos sergipanos, espaço legítimo da exuberante sergipanidade, na expressão cunhada pelo inesquecível confrade e amigo Luiz Antonio Barreto, de saudosa memória.

Para abrilhantar a noite de autógrafos, vamos apresentar um sarau líteromusical, denominado também de Emoções, aliás o nosso 26º Sarau temático. Dessa vez privilegiamos os participantes da antologia, com versos e canções da música popular, especialmente escolhidas em função da temática. Mas surpresas não faltarão, para deleite dos amantes da boa música, com surpresas e muitas “emoções”!

 

Francisco Rollemberg

Agradecemos aos confrades que participaram do capítulo especial em homenagem ao Dr. Francisco Rollemberg: José Anderson Nascimento, presidente da Academia Sergipana de Letras, Paulo Amado Oliveira, das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação, do escritor e poeta Cleiber Vieira, presidente da Associação Sergipana de Imprensa e do poeta e professor João Lover, do Movimento Cultural Antonio Garcia Filho, da ASL. Gostaria de destacar o trabalho competente e profissional da Editora ArtNer Comunicação, comandada pelo escritor e poeta Joselito Miranda, que editou todas as nossa antologias.

Finalmente, não poderia deixar de agradecer aos autores, médicos e convidados, que confiaram os seus textos à Sobrames Sergipe, os que aqui residem, Ângela Dias, Antonio Carlos Sousa, Antônio Cláudio, Daniel Pio, Felipe Matheus, Francisco Rollemberg, José Abud, José Marcondes, José Sérvulo, Lauro Fontes, Maria do Socorro, Menilson Menezes, Miron Vidal, Roberto César, Rômulo Silva, Rosa Amélia e William Soares. Aos “estrangeiros” Dagoberto Sant’Anna (BA), Geraldo Leite (BA), Hilmar Hortegal (MA) e José Cortes Rolemberg (BA). Todos vocês não podem avaliar o orgulho, a satisfação e “emoção” em tê-los conosco nessa jornada!

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O Hugo Gurgel que iro 2q3sh /blogs/lucio-prado/o-hugo-gurgel-que-iro/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Tue, 13 Sep 2022 02:23:16 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=463352 <![CDATA[

“Cada um de nós tem o seu Canto de Cisne, – como que anunciando névoas do ado, claridades do presente e dúvidas do futuro – e sabemos, por igual, que o destino de cada qual não vem escrito nas fórmulas dos adivinhos. Terá isso sim, de ser construído em meio aos arrecifes de uma luta […]

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“Cada um de nós tem o seu Canto de Cisne, – como que anunciando névoas do ado, claridades do presente e dúvidas do futuro – e sabemos, por igual, que o destino de cada qual não vem escrito nas fórmulas dos adivinhos. Terá isso sim, de ser construído em meio aos arrecifes de uma luta multifacetada, na qual o homem deve fazer de si um instrumento de fé”. ( Benjamim Alves de Carvalho)

    Hugo Bezerra Gurgel foi meu professor de obstetrícia na Faculdade de Ciências Médicas da UFS, nos idos de 1976/77. Foi fácil se acostumar com a sua pontualidade britânica. Poucos minutos antes das sete da manhã, ele chegava elegantemente, parecendo sim um lorde inglês. Arrumava os clássicos slides no carretel e iniciava a aula com um sonoro “Bom-dia!”. Ainda sonolento, ressacado pelas noites insones, víamos à nossa frente o professor metódico, formal, sóbrio, que transmitia pra gente uma enorme sensação de domínio da matéria, senhor pleno da

Dr. Hugo Gurgel

situação. Cumpria rigorosamente a grade curricular da disciplina, sempre no primeiro horário da manhã. Literalmente, um professor “de primeira hora” na nossa incipiente Faculdade de Medicina. Pioneiro e engajado, ele foi também um esteio para o sucesso da nossa primeira escola médica.

No entanto, gostaria de destacar com mais ênfase no eminente esculápio era a sua produtiva saga associativa, como fundador do Clube dos Médicos e da Sociedade Sergipana de Ginecologia e Obstetrícia, diretor do Centro de Estudos e da Maternidade Francino Melo, do Hospital Cirurgia, presidente do Conselho Regional de Medicina, chegando a assumir a presidência da Sociedade Médica de Sergipe de 1967 a 1969, em profícua istração que deixou uma marca indelével: a construção da sede própria, em terreno doado pelo Governo de Sergipe. Isso só foi possível graças ao prestígio pessoal do Dr. Hugo e de outros colegas que formavam, na década dos sessenta, um bloco altamente consistente e influente na sociedade sergipana, no que considero a “década de ouro da medicina sergipana”.

Hugo Gurgel foi um líder destacado, ao lado de outros ícones como Benjamin Carvalho, Lourival Bomfim, Aloysio Andrade, Antonio Garcia, Walter Cardoso, José Augusto Barreto, Lauro Porto, Hyder Gurgel, só pra citar estes. As sessões científicas da Somese eram realizadas na maioria das vezes no Instituto Histórico e na Biblioteca Pública. Graças ao empenho e determinação de Hugo, os médicos sergipanos ganharam a sua primeira sede própria, em fevereiro de 1968.

Pois bem, no último dia 28 de agosto, se vivo estivesse, o professor Hugo Gurgel estaria comemorando o seu centenário de nascimento. Nascido na cidade de Lavras da Mangabeira, Ceará, no remoto 1922. Para se tornar médico, um sonho tão acalentado, não foi tarefa fácil. Teve que se deslocar para Salvador em 1940 e seis anos após graduava-se na vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. Ainda estudante, acompanhou com grande interesse o professor Almir Oliveira, catedrático de obstetrícia, que muito ajudou o futuro médico na sua formação. Entretanto, Almir não pôde deixar de atender a um pedido do seu colega Benjamim Carvalho, que precisava de um especialista para atender às pacientes obstétricas no Hospital Cirurgia, em Aracaju. Almir então indicou o nome de Hugo para vir a Sergipe. Já no início de 1947, ele iniciava as suas atividades na Maternidade Francino Melo, deixando de lado o desejo que possuía de morar em Londrina, praticar a medicina naquela cidade paranaense. Na década de 60, com os colegas Gileno Lima e Ciro Tavares, fundou a primeira clínica obstétrica privada de Sergipe – a Clínica Santa Lúcia. Anos depois foi a vez da Clínica Santa Helena, que funciona até os dias de hoje, com estrutura complexa, destacando-se como o maior prestador de assistência obstétrica privada no Estado.

Essas gratificantes recordações, singelas frente à dimensão do esculápio na vida médica de Sergipe, vem a propósito da celebração do seu Centenário de Nascimento, que a Academia Sergipana de Medicina levará a efeito em 21 de setembro, às 19 horas e trinta minutos, em sessão especial que acontecerá no auditório da Sociedade Médica de Sergipe, entidade octogenária que o idealismo de Hugo Gurgel ajudou a construir e consolidar ao longo dos anos.

Hugo Gurgel teve a sua vida construída em meio aos arrecifes de uma luta multifacetada, fazendo dela  um instrumento de fé e realizações!

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Infâmia no litoral de Sergipe – 80 anos w4il /blogs/lucio-prado/infamia-no-litoral-de-sergipe-80-anos/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Mon, 15 Aug 2022 03:32:11 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=459300 <![CDATA[

Em agosto de 1942, o império nazista estava no auge e os Estados Unidos haviam entrado na guerra após o ataque a Pearl Harbor, uma base americana no Pacífico. O governo brasileiro avançava para uma posição favorável aos aliados na Segunda Guerra e Hitler despacha seus submarinos para o Atlântico Sul, para as costas do […]

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Em agosto de 1942, o império nazista estava no auge e os Estados Unidos haviam entrado na guerra após o ataque

Navio Aníbal Benévolo tinha como destino Aracaju.

a Pearl Harbor, uma base americana no Pacífico. O governo brasileiro avançava para uma posição favorável aos aliados na Segunda Guerra e Hitler despacha seus submarinos para o Atlântico Sul, para as costas do Brasil, fugindo da ameaça americana. A ordem é para que promovam ações de sabotagem e torpedeamento dos principais portos brasileiros, visando impedir a rota de suprimentos e o deslocamento de tropas. Quando os submarinos já estão na região, esta ordem é estrategicamente suspensa. Mas eles não perdem a viagem.

Um deles aproxima-se perigosamente da gente. O submarino U-boat 507, comandado pelo Capitão-de-Corveta Harro Schacht, navegando no trajeto de Recife para Salvador, ao ar pelo litoral sul de Sergipe, ataca o navio mercante Baependi, nas proximidades da foz do Rio Real, que seguia de Salvador para Recife. O relógio marca 19 horas e doze minutos do dia 15 de agosto. Dois certeiros torpedos partidos do submarino acertam em cheio o alvo e afundam o navio em pouco minutos, ceifando a vida de duzentos e setenta pessoas, muitas delas mulheres e crianças. Somente trinta e quatro conseguem sobreviver, chegando exauridos à praia do Saco no transcorrer do dia seguinte, alguns deles agarrados aos destroços e a maioria apinhada no único bote que sobrou do naufrágio.

Minutos depois, o U-boat avista o navio Araraquara, que tem igual destino. Não tarda, na mesma rota vem o Aníbal Benévolo, este sim entraria no porto de Aracaju, proveniente do Rio de Janeiro, trazendo muitos sergipanos. Também vai a pique atingido por torpedos do U-507, por volta das 4 horas da madrugada do dia 16. Em suma, três navios são afundados, um atrás do outro, deixando grande número de mortos e náufragos, num espaço de apenas nove horas. A tragédia do Baependi é a maior entre todas as que se abatem sobre os navios brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial. Em nenhum outro torpedeamento há tantas vítimas. Somado os três navios afundados, o U-507 causa a morte de aproximadamente seiscentos brasileiros.

No dia 17, o coronel Augusto Maynard Gomes, interventor federal que governa o estado   toma o seu café da manhã em palácio quando é alertado por oficiais da marinha que o “Aníbal Benévolo”, que deveria chegar em Aracaju no dia anterior, não dera sinal de vida. Preocupado, aciona Walter Baptista, coordenador de um grupo de aviadores amadores que havia recebido do governador Eronides Carvalho um avião para o aeroclube de Sergipe, em 1939. Walter fazia voos de treinamento ao lado de outros pilotos amadores, entre eles Durval Maynard, Lindolfo Calazans, os irmãos Walfrido e Walter Rezende, Arivaldo Carvalho e Ewandro Freire, e quando a guerra se desloca para o Atlântico Sul a também a vigiar as nossas praias, com incursões de reconhecimento pelo litoral sergipano, logo ao raiar do dia. Na época, o Aeroclube já contava com cinco teco-tecos.

Maynard pede a Walter que sobrevoe nossas praias na tentativa de descobrir o motivo do atraso do navio. As notícias de torpedeamento de navios brasileiros em rotas internacionais já eram conhecidas, mas ninguém imaginava que a guerra estivesse tão próxima. Ele chama Lourival Bomfim, médico e companheiro de aventuras, também aviador e juntos decolam. O que eles veem é desolador e sem ainda saber, são expectadores do fim de uma noite de tragédias e do início de um dia de lágrimas.

Corpos misturados a restos das embarcações, nas areias da praia, encontram mais de cinquenta. Até então não sabiam ao certo o que teria provocado a tragédia. O que poderia ter sido um inesperado naufrágio revela-se, porém, em uma tragédia. Walter e Lourival chegam a ver, do alto, pessoas saindo da água, cambaleantes, em trapos, feridas e ensanguentadas. Aterrisam o pequeno avião na areia da praia, prestam  os primeiros socorros e então ficam sabendo, atônitos, o motivo real do ocorrido. Entre os sobreviventes, o médico Viterbo Storry. No momento do ataque ao Baependi, ele conversava no convés com outro médico, o Dr. Zamir de Oliveira, que também sobreviveu. Ambos haviam sido nomeados para o Serviço Nacional da Peste em Pernambuco. Muitos feridos são levados a Estância, onde recebem atendimento no Hospital Amparo de Maria, graças à ação dos médicos Jessé Fontes, Clovis Franco, Pedro Soares, entre outros. Os feridos não param de chegar. Na praia os corpos inertes, sem vida, são enfileirados e para lá se dirigem forças policiais acompanhadas do Dr. Carlos de Menezes, médico legista que, com a ajuda do Dr. Aloysio Coutinho Neves, autopsia os cadáveres, descrevendo as lesões encontradas.

Os aviões do Aeroclube também pousam nas praias de Atalaia e do Mosqueiro, onde dezenas de corpos, trazidos pelo mar, perfilam um quadro dantesco e aterrorizador.

 

O médico Zamir de Oliveira, um dos poucos sobreviventes do Baependy

Os sergipanos, em estado de choque, agora com a grande guerra à porta, temem que ela se alastre por toda a cidade. Fazem treinamentos e à noite, com a cidade às escuras, recolhem-se aos seus lares. Com a fuga dos submarinos, a sensação de alívio é geral, não sem os traumas que levam a população ensandecida a promover tentativas de linchamento de imigrantes alemães e italianos.

Outros torpedeamentos ainda ocorrem na mesma rota destruidora do U-Boat 507. Em 17 de agosto, no litoral norte da Bahia, o Arará e o Itagiba são afundados pelo comandante Harro, resultando em mais cinquenta e seis mortes.

A tragédia no litoral sergipano desencadeia de pronto a reação do Governo brasileiro. Em 22 de agosto, o presidente Vargas reúne seu Ministério, que aprova por unanimidade a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras. Em 31 de agosto, finalmente, o Brasil declara guerra à Alemanha e à Itália.

Harro Schacht, carrasco dos navios mercantes brasileiros, não fica impune e é morto quando o U-507 afunda com toda a sua tripulação em 13 de janeiro de 1943 no Atlântico Sul, atingido por bombas de um avião americano Catalina.

ados 80 anos do torpedeamento dos navios mercantes brasileiros nas costas de Sergipe e da Bahia, muita coisa ainda há por ser conhecida, como a própria razão dos ataques, a rota seguida por muitos sobreviventes até chegar a povoados e aos hospitais, principalmente o de Estância, o a questão dos “malafogados” pela ação de saqueadores e finalmente o perfil dos aviadores amadores civis que participaram do esforço de guerra.

O descaso e a ingratidão dos homens fazem com que esse episódio ao mesmo tempo épico e dramático seja desconhecido da maioria dos sergipanos. Entretanto, notícias auspiciosas aos poucos vão chegando, com os trabalhos de historiadores e pesquisadores vinculados às nossas universidades, além do surgimento do Grupo Sergipano de Estudos da FEB – Grusef – que vem empreendendo ampla discussão sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, com a realização de seminários e ações que visam edificar um Memorial dos Torpedeamentos e reverenciar as ações de sergipanos envolvidos na guerra.

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Os 85 anos da Somese 1ey2q /blogs/lucio-prado/os-85-anos-da-somese/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Mon, 27 Jun 2022 19:18:26 +0000 <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=452513 <![CDATA[

A mais remota instituição representativa dos médicos de Sergipe, em funcionamento de forma ininterrupta celebra neste 27 de junho oitenta e cinco anos de existência. Refiro-me à Sociedade Médica de Sergipe – SOMESE – que tive a honra de presidir por dois mandatos, de 1993 a 1997. Na verdade, ela não é a primeira entidade […]

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A mais remota instituição representativa dos médicos de Sergipe, em funcionamento de forma ininterrupta celebra

Augusto Leite na década de 30

neste 27 de junho oitenta e cinco anos de existência. Refiro-me à Sociedade Médica de Sergipe – SOMESE – que tive a honra de presidir por dois mandatos, de 1993 a 1997.

Na verdade, ela não é a primeira entidade representativa da classe médica de Sergipe. Em 1911 surge a primeira tentativa com a criação da Sociedade de Medicina de Sergipe, sob o comando dos médicos Daniel Campos e Helvécio de Andrade. Não dura muito, apenas um ano, mas nesse curtíssimo tempo consegue publicar a primeira revista médica do estado.

Nova tentativa de organização associativa vai acontecer oito anos depois, com a criação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Sergipe, em julho de 1919, agora sob o comando do médico clínico Francisco Quintiliano da Fonseca, com a participação ainda de jovens médicos que começavam a se destacar no cenário da nossa medicina,  entre eles os cirurgiões Eronides Carvalho, Juliano Simões e, especialmente, Augusto Leite.

Na década de 20, até a data da inauguração do Hospital de Cirurgia, ocorrida em 1926, a entidade exerce papel preponderante na elaboração das políticas de saúde do governo Graccho Cardoso. Nesse período de efervescência científica, Graccho traz a Aracaju o sanitarista Paulo de Figueiredo Parreiras Horta, auxiliar de Osvaldo Cruz, que implementa importantes ações de saneamento e controle de endemias e que culmina com a criação do instituto que mais tarde, em justa homenagem, receberia o seu nome. Com o funcionamento do novo hospital, Graccho oferece a Sergipe finalmente um verdadeiro “ambiente cirúrgico”, nas palavras agradecidas de Augusto Leite.

 

Antônio Garcia Filho em 1960

Curiosamente, a partir daí, a entidade vai entrando em declínio e ninguém mais ouve falar dela. Somente em 27 de junho de 1937, graças ao empenho do Dr. Augusto Leite na liderança do processo, surge a atual Sociedade Médica de Sergipe – a SOMESE –  com sua diretoria sendo empossada na sede da Biblioteca Pública.
No período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) não há registros de ações importantes da entidade médica, somente em 1945 ocorre o que pode ter sido o primeiro movimento organizado da categoria. Uma reunião plenária, com a participação de vários médicos, sob o comando de Eraldo Lemos e Antônio  Garcia, define as principais ações de luta da categoria: a criação do conselho de classe, (que na oportunidade a maioria dos presentes se manifestou contrária e não o aprovou), a implantação de um piso salarial e a fixação de médicos nas cidades do interior do Estado.
Augusto Leite mantém-se por doze anos no comando da Somese, sendo substituído em 1949 pelo pediatra José Machado de Souza. Seu sucessor, o alienista João Batista Perez Garcia Moreno, assume a presidência em 1952. Em 1953, ele lidera um movimento para a criação de uma escola médica em Sergipe e chega a criar uma associação mantenedora, mas as condições políticas da época não favoreceram a efetivação do sonho da faculdade.

A partir da segunda metade da década de 50, a SOMESE experimenta uma de suas fases mais áureas, de grande prestígio político. Seu presidente, o Dr. José Machado de Souza, exerce o cargo de vice-governador do Estado, no governo do udenista Leandro Maciel. Machado, com o apoio decisivo de Carlos Firpo, médico e diretor do Hospital Santa Isabel e ex-prefeito de Aracaju, a o comando da SOMESE para o cirurgião Canuto Garcia Moreno. A partir dessa istração, forma-se um bloco forte e consistente que vai comandar a medicina de Sergipe por uma década, com realizações de grande importância para o seu desenvolvimento, destacando-se a fundação da Faculdade de Medicina em 1961, instalada por Antônio Garcia Filho, após superar  indiferenças e obstáculos de todas as naturezas. À época, ele também presidia a Sociedade Médica de Sergipe.

Ainda na década de 50, nacionalmente, a classe médica se organiza com a fundação da Associação Médica Brasileira – AMB, em São Paulo e  um sergipano participa ativamente desse momento histórico, fazendo parte inclusive de sua primeira diretoria: Eraldo Machado de Lemos. Justiça se faça, desde a década de 40, seu nome sempre é citado em todos os movimentos médicos do Estado.

A SOMESE ainda não possuía sede própria, suas reuniões aconteciam na Biblioteca Pública e no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e somente  em 1968, na istração de Hugo Gurgel, com a ajuda do Governador Lourival Baptista, isso vem a acontecer.  À frente da SOMESE até 1969, Hugo conta com o apoio de valorosos companheiros, como  Alexandre Menezes, Gileno Lima, José Leite Primo e Dalmo Melo.
A SOMESE participa ainda dos primeiros os para a fundação do Sindicato dos Médicos, criado na década de 60 e apoia a instalação da Unimed Aracaju, fundada em 1984. Nos primeiros anos, essas duas instituições funcionaram gratuitamente na sede da Somese. A tradicional entidade ainda tem participação decisiva e fundamental para a fundação da Academia Sergipana de Medicina, ocorrida no final do século XX  – 9 de dezembro de 1994 -, graças à determinação e ao esforço  do médico Gileno da Silveira Lima. Ainda hoje a Academia funciona na sede da SOMESE, com seu total e ir apoio.

As diretorias da SOMESE que se sucedem de Hugo Gurgel até então, cada uma com suas características e realizações, menos ou mais empreendedoras, vêm  mantendo acesa a chama do associativismo médico, com inestimáveis serviços prestados à comunidade. No momento em que se comemora essa efeméride, não custa cobrar dos colegas médicos o compromisso em prestigiá-la, participando com entusiasmo  da vida de sua entidade maior.

Traçando um paralelo histórico, não foi por acaso que as duas maiores conquistas da medicina sergipana do século ado, a meu ver, o Hospital de Cirurgia e a Faculdade de Medicina, tiveram como fundadores respectivamente presidentes da Somese de então, em pleno exercício de suas funções: os doutores  Augusto Leite, comandando a Sociedade de Medicina e Cirurgia e Antônio Garcia Filho, liderando a Sociedade Médica de Sergipe. Difícil imaginar o grande desenvolvimento da Medicina sergipana nos nossos tempos sem a presença marcante,  atuante, agregadora e decisiva da SOMESE.

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ANTÔNIO 24o6e AUGUSTO e MORENO – Parte 3 /blogs/antonio-augusto-e-moreno-parte-3/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Sun, 29 May 2022 14:22:45 +0000 <![CDATA[Blogs]]> <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=448619 <![CDATA[

ANTÔNIO, AUGUSTO e MORENO: vidas que se entrelaçam, personalidades ímpares que permeiam com luz própria e fulgurante a História da nossa Medicina, no Século XX. Heróis na arte de curar, heróis na arte de confortar, heróis na arte de servir ao próximo, com predestinação, humanismo …vitórias e derrotas, erros e acertos. Suas trajetórias na Medicina […]

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ANTÔNIO, AUGUSTO e MORENO: vidas que se entrelaçam, personalidades ímpares que permeiam com luz própria e fulgurante a História da nossa Medicina, no Século XX. Heróis na arte de curar, heróis na arte de confortar, heróis na arte de servir ao próximo, com predestinação, humanismo …vitórias e derrotas, erros e acertos. Suas trajetórias na Medicina e no universo cultural se confundem na ação e no saber,  na inteligência e no altruísmo, do “ser” superando o “ter”, três vidas vividas para o bem, para os mais necessitados, doando conquistas para a sociedade. Na última parte da trilogia, falaremos sobre Garcia Moreno.

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Falar sobre  Moreno é falar sobre um ser de luz. João Batista Perez Garcia Moreno Filho nasceu em Laranjeiras,

Garcia Moreno, na década de 60

a  “Atenas sergipana”. Naquele início de século XX, a cidade gozava de grande prestígio cultural, econômico e político. Graduado em Medicina pela centenária e histórica Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, em 1933, foi, porém, na Cidade Maravilhosa que Moreno apaixonou-se pelos segredos da mente humana e abraçou a psiquiatria como especialidade. Nessa área ele foi inteiro. Clínico, docente e pesquisador, além de se envolver com as questões políticas e socias, na visão do médico José Augusto Barreto e do seu filho Guto, que ocupa atualmente a Cadeira 17 da Academia Sergipana de Medicina, cujo patrono é justamente o inolvidável alienista.

Em virtude de sua competente crítica à prática desumana pela qual os “loucos de rua”, “os insanos” e “os furiosos” eram tratados em Sergipe, logo no seu retorno para sua terra, Garcia Moreno, em 1937, foi nomeado  pelo então interventor federal, também médico, Eronides Ferreira de Carvalho, como Chefe do Serviço de Assistência aos Psicopatas. Na ocasião, ele visitou vários serviços modelares de Assistência Psiquiátrica já implantados no Brasil e ficou responsável pela elaboração das políticas públicas referentes à assistência psiquiátrica em Sergipe.

Esse fato foi um o para que ele assumisse a responsabilidade pela construção e instalação do Hospital-Colônia, como parte da reestruturação do atendimento psiquiátrico estadual, inaugurado em 1940, quando da realização do II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, em Aracaju.

A partir da fundação da Sociedade Médica de Sergipe em 1937, Moreno esteve ao lado de Augusto durante as três primeiras diretorias, como Orador oficial da entidade. Em 1952 chegou à presidência da casa, liderando a quinta diretoria e, nos anos de 1968-1972, assumiu o cargo de diretor da Faculdade de Medicina de Sergipe, substituindo a Antonio Garcia, diretor desde 1961. Moreno comandou a solenidade de colação de grau da primeira turma de médicos sob a égide da UFS, em 1968. Presidiu o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. De temperamento afirmativo, apoiou com todas as suas forças o poeta Santo Souza, na disputa com Antonio Garcia. Para ele, a vaga de poeta deveria ser ocupada por outro poeta. Derrotado na eleição, contrariado, apresentou a sua renúncia. Felizmente, nunca foi aceita. Simplesmente o presidente da Academia de Letras, poeta Severino Uchoa, deixou o pedido dormindo numa gaveta. Creio ter pensado: um imortal não pode abdicar da imortalidade. Tempos depois, os dois garcias, o Moreno e o Antonio, tornaram-se grandes amigos. Eduardo Garcia, filho de Antonio, tornou-se médico de Moreno nas suas dificuldades circulatórias e o acompanhou até o último suspiro, em 1976, com 65 anos.

No campo científico, esse laranjeirense da gema também deu expressiva contribuição. Produziu trabalhos científicos relevantes, entre eles o de maior destaque:  Aspectos do Maconhismo em Sergipe. Mesmo sem a convicção real da magnitude de que o problema iria alcançar, ele, de forma pioneira, antevendo décadas por vir, antecipou a discussão de um dos problemas de saúde pública mais graves da atualidade e dedicou-se a investigar o problema da toxicomania entre os adolescentes abandonados e moradores de rua de Aracaju. Este relevante estudo foi inserido no livro Maconha, edição do Serviço Nacional de Educação Sanitária (1958).

No campo intelectual, foi também profícuo. Das suas obras literárias, destacamos: Cajueiro dos Papagaios e Doce Província (livros): nestas obras ele canta as belezas de sua terra, descreve o estilo sergipano, faz crítica ao materialismo, posiciona-se contra a pena de morte e contra a eutanásia. Na crônica O Homem que lavou o cérebro, alerta sobre os efeitos colaterais dos modernos métodos científicos em macular, desfigurar, massacrar, denegrir e desfigurar o homem. Uma preocupação ainda hoje atual a demonstrar seu caráter visionário.

Em suma, o Dr. Garcia Moreno foi um homem muito especial. Visionário, intelectual, bairrista, cidadão, mestre, proativo, comprometido e líder.  Dedicou-se a variados campos do conhecimento e nunca deixou de transferi-lo à comunidade aonde fora plantado. Apesar de sabedor do seu potencial para voos mais longínquos, mas seguindo a máxima de Tolstoi, “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, Dr. Garcia Moreno optou por permanecer em Sergipe e as razões para tal decisão podem ser as mesmas do sociólogo Gilberto Freyre, como destacou Francisco Rollemberg no seu discurso de posse na Academia Sergipana de Letras, sucedendo o alienista.

“Preferi, porém, contra o conselho do bom mestre e bom amigo, patinar em areia áspera e nativa, minha, profundamente minha; e não me arrependo da decisão. Pertenço ao número dos sentimentais para quem terra alguma é igual àquela em que o indivíduo nasceu e criou-se.”

 

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ANTONIO 1y682u AUGUSTO e MORENO – Parte 2 /blogs/antonio-augusto-e-moreno-parte-2/ <![CDATA[LUCIO PRADO DIAS]]> Sun, 15 May 2022 15:21:58 +0000 <![CDATA[Blogs]]> <![CDATA[Lúcio Prado]]> /?p=446525 <![CDATA[

ANTÔNIO, AUGUSTO e MORENO: vidas que se entrelaçam, personalidades ímpares que permeiam com luz própria e fulgurante a História da nossa Medicina, no Século XX. Heróis na arte de curar, heróis na arte de confortar, heróis na arte de servir ao próximo, com predestinação, humanismo …vitórias e derrotas, erros e acertos. Suas trajetórias na Medicina […]

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ANTÔNIO, AUGUSTO e MORENO: vidas que se entrelaçam, personalidades ímpares que permeiam com luz própria e fulgurante a História da nossa Medicina, no Século XX. Heróis na arte de curar, heróis na arte de confortar, heróis na arte de servir ao próximo, com predestinação, humanismo …vitórias e derrotas, erros e acertos. Suas trajetórias na Medicina e no universo cultural se confundem na ação e no saber,  na inteligência e no altruísmo, do “ser” superando o “ter”, três vidas vividas para o bem, para os mais necessitados, doando conquistas para a sociedade. Anteriormente apresentamos um ensaio sobre Antônio Garcia. Na sequência, falo de Augusto Leite.

 

   AUGUSTO

 

Em 1986, Sergipe se preparava  para as comemorações do Centenário de Nascimento do eminente cirurgião. A Sociedade Médica de

Augusto Leite

Sergipe lança, naquela oportunidade, uma edição especial de seu jornal em comemoração à data. Na condição de responsável pelo boletim, entrevistei pessoas e busquei fontes. Produzi então uma acalentada  edição especial de doze páginas, com depoimentos de médicos, alguns inéditos, entre eles o de Gileno Lima, fundador e presidente de honra da Academia Sergipana de Medicina, revelando um acontecimento memorável do qual foi protagonista, envolvendo o Dr. Augusto Leite,  no ano de 1962, com o título “A volta do velho cirurgião” . A emoção foi traduzida no editorial que escrevi: “Que fascínio poderia este homem exercer sobre toda uma geração? Que fascínio poderia exercer este médico sobre seus pacientes? Onde conseguia arregimentar forças para desempenhar as suas pioneiras atividades? Mergulhei no ado para tentar responder a essas indagações que muito me intrigavam! E dele saí com a certeza de poder resumir tudo numa única frase: “Ação e amor ao trabalho”.

Dos três, Augusto foi o primeiro a receber o grau de doutor em Medicina, no início de 1909, no Rio de Janeiro, (ano que Moreno nascia, na cidade de Laranjeiras), após defender a tese “Da contraindicação renal ao emprego do salicilato de sódio”, um século depois da fundação, por Dom João VI, do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, instituição que  iniciou o ensino médico no Brasil. Graças ao extraordinário acervo do nosso confrade Petrônio Gomes, a tese do Dr. Augusto Leite está sendo adicionada hoje ao acervo da nossa Biblioteca Pública.

Em 1913, Augusto Leite é nomeado pelo então presidente da Associação Aracajuana de Beneficência, mantenedora do Hospital, o desembargador Simeão Sobral, para compor o seu corpo clínico. Até então, Augusto Leite operava em residências e fazia partos, às vezes à luz de querosene.

Em 9 de novembro de 1914, numa data que entrou para a história da medicina sergipana, o Dr. Augusto expôs à luz do dia a cavidade abdominal de uma paciente, para dela retirar um fibromioma uterino. Até então, nunca, ninguém, em Sergipe, abrira um ventre em operação cirúrgica. Estava, finalmente, inaugurado o ciclo da chamada “grande cirurgia” no Estado.

No entanto, em 1918, um fato abalou a vida de Augusto Leite. Em 12 de abril, o falecimento do jovem Ewerton Coelho, agitou o pequeno estado. Nas palavras de Acrísio Torres, uma “inominável conjuração que suscita rumoroso caso clínico”, envolvendo um dos mais renomados médicos sergipanos daquela época: Helvécio de Andrade. Detalhes desse rumoroso caso fogem do escopo da minha manifestação. A professora Cristina Valença, em “Medicina, Educação e História – a trajetória de Helvécio de Andrade” descreve o episódio detalhadamente e ao final conclui que “na realidade, os fatos estão envolvidos por considerações subjetivas e descerram perspectivas da intelecção do real. Por vezes, podem levar a conclusões errôneas de um episódio ou fato histórico. Assim, o objetivo não seria determinar o culpado, mas evidenciar que o campo médico sergipano não estava alheio a conflitos e lutas pelo poder”.

Apesar de contar com o apoio da quase totalidade dos seus pares médicos da época, que lhe manifestaram total solidariedade, Augusto sentiu o peso do episódio. Segue depois para a América do Norte, atendendo convite do professor americano Albee e na renomada Clínica Mayo,  para aprimorar seus conhecimentos nas novas técnicas cirúrgicas que a ciência médica empreendia, após a descoberta da anestesia. Ficou dois anos por lá. Em seguida, Paris, onde termina a sua especialização.

No início de 1923, já em terras sergipanas, Augusto reivindica ao presidente do estado, Maurício Graccho Cardoso, a construção de um novo hospital na cidade, onde pudesse exercer com segurança a moderna cirurgia, com um meio cirúrgico adequado ao desenvolvimento e prática de novas intervenções. Em novembro, era batida a pedra fundamental do futuro Hospital de Cirurgia.

Finalmente, em 1926, no areal da Thebaidinha, é inaugurado o hospital, dando nome ao bairro onde nasceu, hoje densamente povoado. Se no Brasil as leis fossem cumpridas, o bairro que abriga o hospital deveria ser chamado de Bairro Dr. Augusto Cezar Leite, conforme Lei Municipal 581, de 8 de maio de 1978, assinada pelo engenheiro João Alves Filho, então prefeito de Aracaju.

A istração do hospital foi entregue pelo governo, sob as bênçãos do bispo diocesano Dom José Thomaz Gomes da Silva, às Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, entre elas as irmãs Úrsula, Bernardina, Berarda, Theodata e Clara, todas alemãs.

Cinco meses após a inauguração do Cirurgia, que funcionava a pleno vapor nas suas três salas cirúrgicas, Augusto Leite retira-se do hospital Santa Isabel, após realizar em treze anos quase 500 grandes cirurgias. As motivações que determinaram a saída do cirurgião nunca foram devidamente explicadas. O Conselho de istração da Associação Aracajuana de Beneficência, mantenedora do  hospital, presidido pelo Almirante Aminthas Jorge, havia decidido suprimir os serviços de alta cirurgia e essa decisão foi um golpe nas pretensões de Augusto Leite em continuar operando no nosocômio. A dor sentida por esse fato foi tão grande, que ele só voltou ao Santa Isabel no dia em que esse hospital completou o seu primeiro centenário de existência, em 1962, numa ação bem articulada do Dr. Gileno Lima, então diretor. Haviam ados 36 anos. Estava sendo cicatrizada o antigo e grave ferimento.

No Hospital de Cirurgia, Augusto Leite continuou sua vida sempre vitoriosa, com novas conquistas a cada ano, apesar de ter ado sempre por enormes dificuldades e crises. Uma delas, pouco conhecida, houve, naquela época, quem o quisesse tomar para o governo federal, com o novo nome de  Centro Hospitalar Getúlio Vargas. Isso não vingou, todavia. O hospital cresceu e prosperou, tornou-se um hospital geral, também de clínica médica não só cirúrgica, onde as várias especialidades foram sendo exercitadas. Surgiram o Hospital  Infantil e um grande pavilhão com três pisos para o Centro de Puericultura e a Escola de Auxiliares de Enfermagem.

Em 1943, a construção de um novo pavilhão abrigou a Maternidade Francino Melo. Nessa mesma década, planejou Dr. Augusto a construção da Casa Maternal, que depois de pronta recebeu o nome de Amélia Leite. Nela seriam abrigadas as mães adolescentes e mães solteiras, mães sem posse e mães envergonhadas, filhos desemparados e filhos sem pais, funcionando em regime de internato e externato. Veio a Escola Raio de Sol, para pequenos de dois e três anos. O que Dr. Augusto Leite fez pela criança sergipana só se compara à sua saga de cirurgião. Enquanto vivo esteve, a Casa Maternal foi a menina dos olhos de Dr. Augusto, nas palavras de Juliano Simões que, na entronização  da herma em homenagem ao cirurgião, colocada no pátio do Hospital de Cirurgia, disse: “A rijeza do bronze expressa para sempre a firmeza com que Augusto Leite, pelo seu saber, tem podido ser útil à humanidade sofredora” .

Em 1953, com Moreno à frente, ideólogo da ação, instala a Sociedade Civil Faculdade de Medicina,

entidade mantenedora da futura escola médica, com Augusto no seu comando. Ainda não era o momento certo. Futuro prédio e quadro de professores chegaram a ser definidos. Mas faltava a ação e a determinação, que só vieram anos depois, em 1959, quando o médico Benjamin Carvalho assumiu a Sociedade Mantenedora e aliou-se à firme decisão do governador Luiz Garcia em fundar a faculdade. O governador, para não ter dúvidas, nomeou o seu irmão Antonio, para comandar a superpoderosa secretaria recém criada de Educação, Saúde e Cultura. E Garcia não perdeu a oportunidade.

Quando o Dr. Augusto Leite completou 50 anos de sua formatura, em 18 de janeiro de 1959, Sergipe inteiro engalanou-se para homenageá-lo. Realizou-se uma sessão solene no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, com diversos oradores se revezando nas homenagens. Augusto extrapolou suas atividades médicas. Foi  diretor da Escola de Aprendizes, de 1910 a 1916, quando ou a lecionar  História Natural e de Higiene, do antigo Atheneu Sergipense. A partir de 1918 ou a ensinar História Natural no Seminário Diocesano. Foram seus alunos, por aquele tempo, Dom Mário de Miranda Vilas Boas, Monsenhor Carlos Costa, Monsenhor Dr. Alberto Bragança de Azevedo, Monsenhor Domingos Fonseca, desembargador Humberto Sobral e o professor e Dr. José Olino, estes dois últimos quando seminaristas. Participou ainda da assembleia de fundação da Faculdade de Direito em 1950, sendo escolhido o primeiro professor da disciplina de Medicina Legal, depois substituído por Garcia Moreno.

Em certa fase de sua vida, tomou parte em atividades políticas, tendo chegado a Senador da República por Sergipe, de 1934 a 1937, renunciando ao mandato com a decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas.

Na Assembleia Constituinte Nacional, defendeu teses, àquela época, que hoje estão perfeitamente atualizadas e sendo acolhidas e executadas.

Outro 50 anos,  o do  Jubileu de Ouro da primeira laparotomia feita em terras de Sergipe, foi celebrado de uma forma incomum, inusitada.  Foi no Hospital Santa Isabel que aquela operação fora executada em 9 de novembro de 1914. O nosocômio se engalana para comemorar o quinquagésimo aniversário de sua realização, em 1964. Augusto repete, então com 78 anos de idade, a mesmo tipo de operação que fizera há 50 anos. Depois, entregou ao Dr. Gileno Lima, diretor do Hospital fazendo um especial presente de valor, assim histórico quanto estimativo, para lá ser guardado, como recordação sua, o bisturi de ouro que os colegas lhe ofereceram no dia do seu jubileu áureo profissional. Coube ao Dr. Juliano Simões ser o intérprete das homenagens prestadas pelo corpo clínico e istrativo do hospital naquela oportunidade. O diretor do hospital Gileno Lima, certa vez me confidenciou: “Confesso-lhe, honesta e humildemente, que de todas as realizações de nossa gestão à frente do hospital nenhuma, mas nenhuma mesmo sobrepujou, pelo seu significado afetivo e alto teor de justiça, a volta do velho cirurgião, do filho pródigo ao centenário Hospital”.

Moreno certa vez, disse: “Augusto é um tema rico, fértil e fácil”.  Falar sobre a sua vida é assunto quase inesgotável, tão cheia de serviços prestados à humanidade, tão plena de benefícios ao próximo, tão rica de benesses distribuídas com a fartura de sua prodigalidade, engrandecidas pela bondade de seu coração e grandeza de sua alma como pessoa humana, como profissional consciente, como médico humanitário, como cidadão presente, como chefe de família exemplar.

Certa vez, disse Jacinto de Figueiredo, apropriadamente, em um soneto em homenagem a Augusto: “Não louvo o homem, louvo o altruísta, – bondade, vocação, desprendimento”. Cuja mais bela arma de conquista em prol do bem comum – é o sentimento”.

João Gilvan Rocha, que ocupou assento neste sodalício na mesma cadeira primeiramente ocupada por Augusto, disse certo dia sobre o seu antecessor: “Ele não foi somente a maior figura da medicina sergipana de todos os tempos. Era basicamente um intelectual. Um intelectual que da província mirava  e acompanhava o mundo. Um intelectual que, com perícia incomum, manejava seu instrumental de cirurgião”.

Segundo um dos seus biógrafos, o saudoso Luiz Antônio Barreto, Augusto Leite teve dois momentos importantes na sua biografia. O primeiro, quando participou da fundação da Academia Sergipana de Letras, em 1929 e o segundo, quando criou em 1933, o partido político União Republicana de Sergipe, que o levou à Constituinte nacional, como Senador. Porém, com o Estado Novo, desgostoso com os rumos do país, Augusto encerrou definitivamente a sua carreira política e retornou à medicina, como já disse anteriormente.

Por suas mãos, muitas vidas foram salvas e muitas obras foram edificadas. Mãos que lutaram com a morte em nome da vida. Mãos que o senhor abençoou todos os dias, semeadoras da paz, no Vale das Agonias…Mãos que foram um presente do céu para todos nós! Mãos…que fizeram menor a dor de seus semelhantes…Mãos de Augusto Leite: mãos de paz, mãos de luz, mãos de amor!” (Freire Ribeiro).

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