Marcos Cardoso v1g3k O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/marcos-cardoso/ Tue, 20 May 2025 14:31:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 /wp-content/s/2018/07/cropped-ico-32x32.png Marcos Cardoso v1g3k O que é notícia em Sergipe /categoria/blogs/marcos-cardoso/ 32 32 E se fosse um macho? 3g554n /blogs/marcos-cardoso/e-se-fosse-um-macho/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Mon, 19 May 2025 18:13:18 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[alese]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[lindabrasil]]> <![CDATA[ssp]]> /?p=587668 <![CDATA[

Por Marcos Cardoso* A deputada estadual Linda Brasil (Psol) voltou a procurar as autoridades policiais para denunciar as ameaças de morte que tem sofrido sistematicamente desde o primeiro ano do mandato. Em junho de 2023, as ameaças chegaram por email à Escola do Legislativo e a Assembleia acionou a Polícia Civil, que instaurou inquérito. O […] 1lz

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Por Marcos Cardoso*

A deputada estadual Linda Brasil (Psol) voltou a procurar as autoridades policiais para denunciar as ameaças de morte que tem sofrido sistematicamente desde o primeiro ano do mandato. Em junho de 2023, as ameaças chegaram por email à Escola do Legislativo e a Assembleia acionou a Polícia Civil, que instaurou inquérito. O Gabinete de Segurança Institucional da casa colocou-se à disposição dela.

Em março do ano ado, ela recebeu email com novas ameaças e registrou a ocorrência no Centro de Operações Especiais (Cope) da SSP, além de ter comunicado o fato à Polícia Federal. Há uma semana, no último dia 12, após reiteradas intimidações, entregou um dossiê com mais de 120 mensagens de ameaças, injúrias e discursos de ódio, com teor discriminatório e violento, à Delegacia de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) da SSP, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e à Polícia Federal.

Deputada Linda Brasil (Psol)

A dúvida que se impõe é: até quando a deputada terá que pedir socorro por estar sendo ameaçada de morte sem que nada de real aconteça para se punir o criminoso? Não se faz nada de concreto porque ela é uma mulher trans? E se fosse um macho? Se fosse o presidente da Assembleia ou o líder do governo a sofrer reiteradas ameaças, o agressor já teria sido descoberto?

Talvez essa seja também uma forma de transfobia. Sempre é bom repisar que o Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Em 2023, houve 155 mortes de pessoas trans no Brasil, sendo 145 casos de assassinatos e dez que cometeram suicídio após sofrer violências ou devido à invisibilidade trans.

O número de assassinatos aumentou 10,7%, em relação a 2022, quando houve 131 casos. Os dados são da 7ª edição do Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). Em Sergipe, não houve nenhum caso naquele ano, mas pode haver subnotificação.

Os assassinatos são quase sempre por meios cruéis. O dossiê registra tiros, facadas, espancamentos, estrangulamentos, apedrejamentos e outros. A Antra destaca a ausência de ações de enfrentamento da violência contra pessoas LGBTQIA+ por parte do Estado brasileiro e a falta de rigor nas investigações policiais de casos de transfobia.

Os dados do Atlas da Violência 2025, uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), confirmam um aumento nos registros de casos de violência contra pessoas LGBTQIA+. De 2022 para 2023, os casos de violência contra homossexuais e bissexuais registrados no Ministério da Saúde aumentaram 35%, enquanto os casos de violência contra pessoas transexuais e travestis aumentaram em 43%.

A violência contra mulheres trans saltou de 291 casos registrados em 2014 para 2.540 em 2022 e daí para absurdos 3.524 casos de violência contra pessoas com essa identidade de gênero em 2023. Os tipos de violência registrados no sistema de saúde podem incluir violência física, psicológica/moral, tortura, sexual, tráfico de seres humanos e outras.

O substancial aumento das notificações de violência contra a população LGBTQIA+ a partir de 2020 coincide com o governo Bolsonaro.

“Não obstante, na última década, em muitos países e, em particular, no Brasil, um fenômeno sócio-político notável é a intensificação e fortalecimento dos grupos de extrema direita, que ficou conhecido como backlash. No Brasil, esse movimento político extremista se articulou em torno da chamada agenda ‘anti-ideologia de gênero’, que não só se institucionalizou durante o governo Bolsonaro, mas também após esse período, desestruturando políticas e instituições de defesa de direitos LGBTQIAPN+”, diz o Atlas da Violência 2025.

O documento observa que o Legislativo se tornou ainda mais conservador no período, intensificando o avanço de proposições legislativas LGBTfóbicas e, especialmente, antitrans.

Conforme pesquisa da FGV Direito Rio, foram produzidos mais de 60 projetos antitrans entre 2019 e 2023: 26 sobre linguagem não-binária, 11 sobre mulheres trans em esportes, 10 sobre cirurgias de transgenitalização e/ou terapia hormonal, sete sobre “ideologia de gênero”, três sobre banheiros de gênero neutro e outros quatro projetos de lei que tiveram como foco a imposição do sexo biológico dos indivíduos em documentos oficiais para fins de identificação civil, matrimônio e questões previdenciárias.

Homens formaram 78% dos parlamentares proponentes desse rol de projetos, 70% dos parlamentares proponentes eram brancos. E 80% dos parlamentares proponentes faziam parte da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional ou da Frente Parlamentar Católica Apostólica Romana, 23% deles faziam parte de ambas.

A agressão a pessoas trans é enquadrada em crime de ódio. Isso porque, diferentemente de outros crimes, neste caso a identidade de gênero é um fator determinante para a agressão. O objetivo é atacar a minoria social, não apenas a pessoa em si. Além disso, em 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que atos de homofobia e transfobia podem ser equiparados, perante a lei, ao crime de racismo e, dessa forma, devem ser punidos seguindo essa determinação.

Mas de onde vem tanto ódio? A psicologia social ensina que o ódio está relacionado ao pavor do diferente, um comportamento belicoso que é ensinado, tem raízes culturais. O tratamento de choque para esses casos é muita educação. Mas enquanto isso não acontece, espera-se que a polícia e a Justiça façam a sua parte.

*Marcos Cardoso é jornalista. Autor, dentre outros livros, de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos”  (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).

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A direitona se organiza 2p6q5b /blogs/marcos-cardoso/a-direitona-se-organiza/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Fri, 02 May 2025 20:38:16 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[federação]]> <![CDATA[PP]]> <![CDATA[uniãobrasil]]> /?p=585577 <![CDATA[

Por Marcos Cardoso* Pergunta sincera: alguém tem dúvida de que lado estariam o senador Laércio Oliveira (PP) e o ex-deputado André Moura (União Brasil) se o golpe de estado planejado por Bolsonaro tivesse logrado êxito? E os deputados federais Yandra Moura (União Brasil), Rodrigo Valadares (União Brasil) e Thiago de Joaldo (PP), de que lado […]

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Por Marcos Cardoso*

Pergunta sincera: alguém tem dúvida de que lado estariam o senador Laércio Oliveira (PP) e o ex-deputado André Moura (União Brasil) se o golpe de estado planejado por Bolsonaro tivesse logrado êxito? E os deputados federais Yandra Moura (União Brasil), Rodrigo Valadares (União Brasil) e Thiago de Joaldo (PP), de que lado estariam? Na resistência democrática contra a ditadura que não vingou por um triz ou aboletados no bem bom da nova desordem institucional?

Também não deve haver muita dúvida sobre de que lado estariam os deputados federais Ícaro de Valmir (PL), Gustinho Ribeiro (Republicanos), Delegada Katarina (PSD) e Nitinho (PSD). Mas miremos apenas naqueles que integram os quadros dos partidos Progressista e União Brasil.

É que essas duas agremiações estão se unindo numa federação partidária chamada União Progressista, uma super aglomeração que conta com 109 deputados federais e 14 senadores. Será a maior bancada do Congresso Nacional. Na Câmara, desbanca o PL, com 91 parlamentares, e a federação PT, PCdoB e PV, com 80. No Senado, empata com PSD e PL.

União Brasil e Progressista formam superfederação

A nova federação também contará com a força de seis governadores e de 1.350 prefeitos espalhados pelo país, um quarto dos 5.569 municípios brasileiros. Ainda deverá ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral, com validade já a partir de 2026. O PP, de Ciro Nogueira, e o União Brasil, de Antonio Rueda, ACM Neto e Davi Alcolumbre, funcionarão como uma única agremiação partidária e juntos poderão ter ou apoiar um candidato a presidente, além de manter o alinhamento nas demais disputas eleitorais.

Há uma questão de genética partidária que aproxima e não esconde a hereditariedade de PP e União Brasil. Parafraseando Leonel Brizola, são partidos filhotes da ditadura. O regime tinha o próprio partido, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que na reforma partidária de 1979 virou o Partido Democrático Social (PDS). Na mesma reforma surgiu o PT, PDT, PP, ressurgiu o PTB e o MDB se transformou no PMDB. Esse primeiro PP, de Partido Popular, do finado Tancredo Neves, sumiu em 1981, quando foi incorporado ao PMDB.

Em 1993, uma dissidência do PDS funde-se com o Partido Democrata Cristão (criado em 1988) e nasce o Partido Progressista Reformador (PPR). Em 1995, o PPR fundiu-se com o Partido Progressista (PP), legenda criada no ano anterior, também por agregação de outras forças partidárias. Nascia, então, o Partido Progressista Brasileiro (PPB), que posteriormente viria a se chamar apenas Partido Progressista, o atual PP.

Em 1985, o grupo majoritário do PDS já havia criado o Partido da Frente Liberal (PFL), que, em 2007, se transformaria no Democratas (DEM). O União Brasil é a fusão do DEM com o PSL, partido que abrigou o ex-presidente Jair Bolsonaro quando ele foi eleito em 2018.

Por essa conexão com o partido que dava sustentação à ditadura militar, os jornalistas José Roberto de Toledo e Tiago Mali, do UOL, apelidaram a federação União Progressista de “Arenão Brasil”. E eles revelam um dado surpreendente: esse agrupamento ofereceu mais votos ao governo Lula na Câmara dos Deputados do que o próprio PT. O Arenão Brasil é o maior partido da base de sustentação de Lula naquela casa do Congresso.

Lembremos que a nova federação comanda quatro ministérios do governo Lula: as pastas de Esportes, com André Fufuca (PP) — indicação apoiada por Arthur Lira —, e Turismo, com Celso Sabino (União), além de indicações dentro da cota partidária do União Brasil como Frederico Siqueira Filho, das Comunicações — indicado por Alcolumbre —, e Waldez Goés (PDT), da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Claro que tudo isso interessa ao governo e aos partidos com assento na Esplanada dos Ministérios. Mas o apoio de hoje pode não significar nada no próximo ano para quem historicamente sempre divergiu de Lula e do PT. O bolsonarista governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o candidato que a maioria dessa turma sonha na disputa à presidência em 2026. Se não for ele, a federação tem nome próprio, o também bolsonarista governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que está rezando para ser o ungido.

Como sugerem alguns petistas, é bom Lula manter a barba de molho.

*Marcos Cardoso é jornalista. Autor, dentre outros livros, de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos”  (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).

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Democracia brasileira faz 40 anos 5r2p45 /blogs/marcos-cardoso/ha-40-anos-eram-estabelecidas-as-eleicoes-diretas/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Thu, 24 Apr 2025 00:32:16 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogmarcoscardoso]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[eleições1985]]> <![CDATA[eleições1989]]> /?p=584343 <![CDATA[

Marcos Cardoso* A democracia brasileira conquistada a duras penas é um sistema recente, em vias de consolidação e talvez por isso ainda tão ameaçada. Há somente 40 anos, no dia 8 de maio de 1985, o Congresso Nacional aprovou a emenda constitucional que estabeleceu as eleições diretas para presidente da República e para prefeitos das […]

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Marcos Cardoso*

A democracia brasileira conquistada a duras penas é um sistema recente, em vias de consolidação e talvez por isso ainda tão ameaçada. Há somente 40 anos, no dia 8 de maio de 1985, o Congresso Nacional aprovou a emenda constitucional que estabeleceu as eleições diretas para presidente da República e para prefeitos das capitais. As eleições para governador já tinham sido reestabelecidas em 1982, no estertor da ditadura.

Foi no começo do governo do maranhense José Sarney, que sucedeu a Tancredo Neves, o presidente que morreria sem ser empossado. O mineiro foi eleito no Colégio Eleitoral no dia 15 de janeiro, foi internado no dia 14 de março, véspera de sua posse, morrendo no dia 21 de abril. Já no dia 15 de março de 1985, Sarney tornou-se o primeiro presidente civil do Brasil após 21 anos de regime militar.

Naquele mesmo ano, em 15 de novembro, foram realizadas as eleições em 201 municípios, incluindo 23 capitais. Na ditadura, os prefeitos das capitais e de municípios considerados áreas de interesse nacional eram biônicos, indicação dos governadores eleitos indiretamente. A contagem dos votos apontou uma vitória maciça do PMDB, com 127 prefeituras, sendo 19 capitais, incluindo Aracaju.

Jackson Barreto, eleito em 1985

O então deputado federal Jackson Barreto confirmou ali a sua trajetória de fenômeno eleitoral sendo eleito com folga, com mais de 70% dos votos, derrotando Gilton Garcia (PDS), candidato do governador João Alves Filho e que ficou na terceira colocação, e a revelação Marcelo Déda (PT), que ficou em segundo.

Aquele mandato de prefeito, que já seria curto, de apenas três anos, para Jackson ficou ainda menor por conta da intervenção que sofreu do governo de Antônio Carlos Valadares (PFL) em abril de 1988, acusado de malversação do dinheiro público. Foi substituído pelo vice-prefeito Viana de Assis (PMDB), que concluiu o mandato. No mesmo ano, Jackson elegeu Wellington Paixão (PSB) prefeito de Aracaju.

No pleito seguinte, de 1992, o mesmo Jackson foi mais uma vez eleito prefeito, ficando no cargo até 1994, quando se afastou para disputar o governo do Estado, sendo derrotado por Albano Franco (PSDB). Foi substituído pelo vice-prefeito Almeida Lima (PDT).

Na eleição de 1998, Jackson voltou a eleger o seu candidato, João Augusto Gama (PMDB), que governou até 2000, quando Marcelo Déda foi eleito prefeito de Aracaju (2001-2006). Depois sucederam-se Edvaldo Nogueira, então no PCdoB (2006-2012), João Alves Filho, do DEM (2013-2016), Edvaldo Nogueira, ainda no PCdoB e depois PDT (2017-2024) e agora Emília Correa (PL), eleita na última eleição, de 2024.

Eleições presidenciais

No centenário da Proclamação da República, dia 15 de novembro de 1989, foi realizado o primeiro turno das eleições presidenciais. Com o fim da ditadura militar, a primeira vez que o Brasil escolheu um presidente após a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Após a frustração pela campanha das Diretas em 1984 e pela eleição indireta de 1985, finalmente o brasileiro pode votar para presidente da República. Elegeu Fernando Collor (PRN), que derrotou Lula (PT), Leonel Brizola (PDT) e Mário Covas (PSDB) e foi defenestrado do cargo no final de 1992, o mandato de cinco anos restando para ser concluído pelo vice Itamar Franco (sem partido).

Collor, Lula, Brizola e Covas, 1989

Depois foram eleitos Fernando Henrique Cardoso, do PSDB (1995-2002), Lula (2003-2010), Dilma Rousseff, também do PT (2011-2016), que sofreu impeachment e teve o mandato concluído pelo vice golpista Michel Temer, do PMDB (2016-2018), seguindo-se Jair Messias Bolsonaro, do PSL e depois PL (2019-2022) e, mais uma vez, Lula eleito em 2022.

Desde o retorno da normalidade eleitoral, Aracaju teve nove prefeitos, contando com aqueles que concluíram os mandatos dos eleitos, sendo que Jackson Barreto foi eleito prefeito duas vezes não consecutivas, Déda teve dois mandatos sucessivos e Edvaldo teve quatro mandatos em duas ocasiões distintas.

Também foram nove os presidentes da República, contando com Tancredo Neves e com aqueles que substituíram os eleitos, sendo que FHC e Dilma tiveram dois mandatos sucessivos e Lula está no terceiro mandato.

Já os governadores de Sergipe foram sete desde a eleição de 1982, sendo que João Alves foi eleito em três vezes distintas e Albano Franco e Déda foram eleitos para dois mandatos consecutivos.

Goste-se ou não dos resultados, a democracia ainda é o melhor dos regimes. São apenas 40 anos, mas já é o maior período de democracia plena no Brasil.

*Marcos Cardoso é jornalista. Autor, dentre outros livros, de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos”  (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).

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Amaral encontra Cleomar 4sh1r /blogs/marcos-cardoso/amaral-encontra-cleomar-2/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Thu, 17 Apr 2025 14:36:00 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[amaralcavalcante]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[cleomarbrandi]]> /?p=583618 <![CDATA[

Por Marcos Cardoso* Assim que se abriu para ele o jardim dos justos, Amaral Cavalcante avistou pessoas que lhe pareciam familiares e ali perto um homem de barba grisalha numa cadeira de rodas folheando calmamente um livro. – Cleomar! – acenou o poeta, vendo que o baiano lia uma antologia de Drummond. – Negão! – […]

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Por Marcos Cardoso*

Assim que se abriu para ele o jardim dos justos, Amaral Cavalcante avistou pessoas que lhe pareciam familiares e ali perto um homem de barba grisalha numa cadeira de rodas folheando calmamente um livro.

– Cleomar! – acenou o poeta, vendo que o baiano lia uma antologia de Drummond.

– Negão! – alegrou-se o amigo cadeirante. – Estava te esperando…

– Você sabia que eu vinha?

– Fernando Sávio ou por aqui e espalhou a novidade.

– Fernando Sávio? – Amaral quase gargalhou, emendando com uma lembrança: – Quando lançamos em 1981 o Folha da Praia, Fernando Sávio era o nosso principal articulista, a novidade literária que orientou a empreitada por uma nova linguagem jornalística em nosso meio. Mas a sua mais inesquecível qualidade era a elegante malandragem, a entrega absoluta aos prazeres da vida; estas coisas que nos fazem eternamente amados e saudosos, porque nos mantêm na lembrança das ruas; elas que, verdadeiramente, detêm o poder de nos acenar com certa imortalidade. Fernando Sávio Brandão de Oliveira era, sobretudo, um boêmio consciente da sua genialidade, um homem emocionado com a própria capacidade de alumbramento, um escritor completo de humoradas convicções, um letrado de bem com a sua escrita e um amigo bom pra caralho! – Percebendo o que acabara de falar, censurou: – Soltei um palavrão. Pode?

– Aqui pode quase tudo, à exceção daquilo que mais nos deleitava, os prazeres da carne, a mesa farta e o álcool que nos fez homens felizes. Mas obrigado a você, Ilma Fontes, pelo teu estandarte de luta, por ter me mostrado, junto com Fernando Sávio, os caminhos aracajuanos que me guardaram, com zelo – respondeu Cleomar, em forma de oração.

Amaral pôs-se a falar: – A casa de dona Jenny, mãe de Ilma Fontes, era o nosso providencial aparelho. Mesa farta, sergipana, o belo cuscuz guarnecido, ora jabá, ao ovo estrelado em manteiga da terra para começar. O pão tostado na chapa, os biscoitinhos de fubá desmanchando na boca e a alva macaxeira com fiapos de lombo! Comer tão bem nos incitava à subversão, tramada sempre para depois do rango, que ninguém é de ferro!

Pensativo, Cleomar manteve-se contemplando os sergipanos: – Em minhas andanças de vida encontrei momentos difíceis e foi bem pesado saber istrá-los. Em compensação, essa mesma vida me propiciou momentos em que tudo valeu a pena. Depois de ter percorrido os caminhos do jornalismo intenso, nunca imaginei que justamente na terra que adotei de coração e pela qual sou visceralmente apaixonado, Sergipe, fosse ser alvo de algumas homenagens que até hoje, só em lembrar, provocam um aquecimento bem morno no meu coração.

Amaral concordou lembrando de uma tarde vivida pelos dois: – Quando fui visitá-lo, acolheu-me uma mãe heráldica, cabelos brancos, em coque elegante, olhar percuto, postura juvenil: “Cleomar se acordou agora, mas ainda não quis sair da cama…” Saquei na hora. Nessa tarde modorrenta de sexta-feira, Cleomar mandara tudo à puta que o pariu e recolhera-se à lascívia dos lençóis, curtindo o cheiro do próprio corpo nu, desobrigado do fastio das “boas-tardes” protocolares e do cafezinho insosso na repartição. A visita foi curta, mas vi o que me interessava: um fauno saltitante em sua relva memorial, soprando na flauta a canção do seu destino. Absolutamente pagão e belo.

Cleo fez um sorriso quieto de quem esconde um segredo prestes a revelar: – Com um giro lento de cabeça, ousei encarar a face da loba que resolvera chegar ao começo da madrugada uivando baixo e trazendo-me uma certa perplexidade gerada por aquela voz quente, rasgo de noturno verão, cheiro de doce perigo no ar. A mulher, quando é resolvida, fruta madura, sabe ter a esperteza da loba e sabe sobreviver sem matilha. – E prosseguiu, lascivo: – Nas madrugadas de amor e paixão, saber colher o fruto do suor amigo como o apanhador no campo de centeio. Visitar, como um velho viajante, planícies e dorsos da mulher amada. Palmilhar os quadrantes espalhados na pele morena da menina amada. Lembrar que a tua amada não sua: orvalha.

Amaral revirou os olhinhos e suspirou como se ainda estivesse aqui: – Os cheiros guardam a senha da minha libido. É num sovaco exalando o fortum do sexo que eu gosto de descansar após o coito. Fico, ali, respirando o cheiro amante, como que revivendo o prazer da conquista, guardando na memória a mais secreta identidade do corpo amado no cheiro do suor compartilhado. Gosto de me enfiar sob lençóis para sentir o cheiro do meu corpo ou de apodrecer dois dias sem banho para curtir o azedume dele em podridões e ocultas putrescências. De vez em quando, nas mais assépticas ocasiões, cheiro disfarçadamente o meu sovaco para aferir se inda sou eu que estou ali.

Riram, alegres e infantilmente!

– O olfato, seguramente, é um dos sentidos mais marcantes na história de cada um – observou Cleomar. Parou pensativo e lembrou que o recém-chegado poderia trazer novidades: – Quero o chicote do salitre raivoso da maré de março estalando no lombo gorduroso dos que se envolveram em contas fantasmas e, hoje, espalham seus glúteos fartos nas cadeiras inquisitoriais das Is brasilienses enquanto tentam justificar as falcatruas cometidas contra o erário público!

Mas a lembrança do salitre desviou o pensamento de Amaral foi para outro assunto: – Minha tia Luizita morava na Praia Formosa, numa casinha deliciosa, com varanda para as croas, que se formavam na maré baixa, assim de maçunins e gorés. Do quintal delimitado por uma cerca de varas, via-se um imenso manguezal, de lama escura, quase sem vegetação, que se estendia até um sítio de manjelões, lá longe, onde depois construíram o Batistão. Foi lá que eu conheci o mar em companhia dos meus irmãos.

Cleomar quis voltar ao assunto: – A praia, que era Formosa, escurece suas águas e o cheiro fétido dos restos da “civilização” entristece as águas do rio. Pelo canal Tramandaí, dia e noite, todos os dias, a grande ameaça se expande, sem controle, sem alarde e, enquanto os automóveis circulam pela cidade de Aracaju e os empreendimentos imobiliários anunciam seus lançamentos em jornais e emissoras de TV, o rio sente um cansaço adormecer suas águas.

Amaral insistia com outras lembranças: – Queria viver perto do mar! Transferir-me para o sem fim da praia e escancarar-me ao sol da Atalaia. Queria deixar o mormaço da cidade, com suas ruas bêbadas de piche. A maresia grudada nos cabelos, mergulhar toda manhã sete ondas rasteiras, orando ao sortilégio da imensidão. Viver perscrutando o mar que banha a humanidade. Esse mundão de água e valentia, esse lugar de ninguém. Do mar, eu queria o sal da vida. Eu vivia bem em casa e o mar era meu moleque de recados:

– Vai ali à África levar notícias de mim. Ele ia.

– Corre, vai pegar um caramujo de sol, que eu quero assoprar. Ele pegava e voltava estrondando mundo aos meus pés: meu cão de espumas.

Cleomar: – Quem sabe, assim, a ira dos oceanos nos ajude a exterminar de vez os chacais e hienas mutantes que roubam e tentam se cobrir com o manto da impunidade perigosa.

Amaral recordou-se do menino de Simão Dias: – O mar, tão incompreensível para mim, ainda era uma quimera desconhecida e distante. – E reconheceu-se rebelde ao descobrir outras praias: – Era só descer do ônibus no terceiro ponto da praia 13 de Julho e embarcar nas canoinhas de tábua até o outro lado. O Colodiano, território sem incômodos da lei, oferecia maconha livre e grandes baratos. Era o território livre da contracultura dos anos 1970, bem ali, pertinho dos bem-bons da cidade, mas distante da repressão que nos incomodava.

Cleomar: – É assim que te guardo, Aracaju, compartilhando de cada momento vivido, de cada amanhecer que te visita, como se marcasses no coração da gente uma cumplicidade definitiva dos que te amam.

Amaral: – Algo noturno fez da minha cidade uma aldeia do mundo, eis que ficamos assim, simão-dienses. Ainda hoje, quando sonho com a casa onde nasci, é na cozinha onde a minha saudade vai parar. É lá onde reencontro a família cuidando de prover, com os cheiros do cominho e da hortelã miúda, a memória do meu paladar.

Cleomar lembrou de algo que um dia escreveu: – No intervalo da digestão, cada homem terá o direito de ler os versos de Thiago de Melo, ouvir sua música preferida, quem sabe até receber no rosto a visita de uma brisa da tarde com cheiro de manhãs esperadas.

Amaral: – Minha mãe Corina quis transformar aquela casa em hospedaria. Acho que vem daí, da compartilhada habitação na minha casa ancestral, a capacidade de conviver com pessoas diversas, a respeitar o espaço dos outros, a servir — com dignidade — aos que me solicitam e, principalmente, a me tornar transitável.

– E o que o poeta andava fazendo ultimamente?

– De tardinha, costumava ir ao sorvete. Botava um calçãozinho leve, pós-moderno, uma camisa churriada, que eu mesmo reabilitei aparando as mangas. Gosto delas assim. Dá um tom de bofeca-mas-não-tanto, que me delicia. E ia, luxento e faceiro, a meu Clair de Lune.

– Boêmio que é boêmio não vai somente a um bar um tempo inteiro. Caso aja assim, corre o risco de fazer parte da paisagem ou então se tornar referência do local.

Amaral prosseguiu: – Arquibaldo, também chamado, no Colégio Agrícola, de “Sarrabuio do Cão”, me descobriu lá. Inda me fiz de manco, numa retirada infeliz, que não deu certo. Ficamos, então, na sorveteria, frente a frente, pela eternidade de dois suspiros, até que Arquibaldo me fitou com a meiguice juvenil, que eu julgava perdida: — Tonho, eu me lembro sempre de você. E tocou, como um anjo remido, a minha infame cabeleira branca. A lua inchou em busca de horizontes e eu fui pra casa ouvir Debussy. A vida me queria bem.

– Vamos chegando – atalhou Cleomar e seguiram. À frente, avistaram Fernando Sávio e Barrinhos rindo com Hilton Lopes dizendo cocoré-bico-de-pato. Próximo, estava Araripe Coutinho declamando em voz alta o último poema e ouvido com emoção por Ezequiel Monteiro, Santo Souza, Joel Silveira, Hunald Alencar, Antonio Carlos Viana e Luiz Antonio Barreto.

Amaral lembrou-se do que disse certa vez sobre o mais culto dos jornalistas: – Luiz Antonio Barreto é uma ponte sólida entre a intelectualidade empedernida das academias e o batente fogoso da vida artística. Um elo (creio que insubstituível) entre a realidade cultural sergipana e os alfarrábios da história. Um homem que perseguiu a boniteza da vida com elegante nobreza e se findou respeitado pelo que acertou na vida. Mestre Luiz, guarde-me uma cadeira no cafezinho do céu.

Nem percebeu que atrás deles já vinham José Fernandes e Edgar do Acordeom se dirigindo a Ismar Barreto, que dedilhava um violão e era fotografado por Sidney Leite. Assim é o céu.

*Marcos Cardoso é jornalista e escritor. Autor, dentre outros livros, de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos”  (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).

Citando por inspiração os livros “Os segredos da loba” (2009), de Cleomar Brandi, e “A vida me quer bem – Crônicas da vida sergipana (2019), de Amaral Cavalcante.

Texto de agosto de 2020. Foto de Márcio Garcez.

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Gilvan e Rian honram o Jornal do Dia 5f3i48 /blogs/marcos-cardoso/gilvan-e-rian-honram-o-jornal-do-dia/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Mon, 31 Mar 2025 00:50:30 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[gilvanmanoel]]> <![CDATA[jornaldodia]]> <![CDATA[riansantos]]> /?p=581105 <![CDATA[

Marcos Cardoso* O Jornal do Dia completa 20 anos de vida e essa é uma boa notícia. Não é nada fácil para um veículo de comunicação que migrou do papel para o mundo virtual insistir teimosamente em manter fidelidade a princípios editoriais tão caros hoje em dia quanto a busca pela verdade, a verificação rigorosa […]

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Marcos Cardoso*

O Jornal do Dia completa 20 anos de vida e essa é uma boa notícia. Não é nada fácil para um veículo de comunicação que migrou do papel para o mundo virtual insistir teimosamente em manter fidelidade a princípios editoriais tão caros hoje em dia quanto a busca pela verdade, a verificação rigorosa dos fatos, a imparcialidade na apresentação das notícias e o respeito pela ética profissional.

Dois profissionais do jornal se destacam nessa frente da resistência que não se dobra a certas facilidades e insiste em informar de maneira precisa, justa e ética: Gilvan Manoel e Rian Santos. Sem nenhum demérito dos demais profissionais, esses merecem ser destacados pela qualidade do que produzem e pela teimosia.

Gilvan Manoel

Gilvan Manoel se apresenta humildemente como colunista, o que não é pouco, mas é o timoneiro, o diretor de Redação e também editorialista do Jornal do Dia. Mansamente, é um analista que há muitos anos se destaca por suas contribuições sobre a política sergipana. Sem medir palavras, com agens relevantes pela Gazeta de Sergipe, Jornal de Sergipe e Jornal da Cidade, antes de associar-se ao jornalista Elenilton Pereira na empreitada corajosa de fundar o Jornal do Dia em 2005, seus textos costumam abordar questões relevantes do cenário político do estado, oferecendo uma análise crítica e reflexiva sobre os acontecimentos e as dinâmicas que moldam a política local.

Autor de uma escrita elegante e profundamente crítica, quase sempre mordaz, Gilvan explora temas como a atuação dos políticos, as eleições, as políticas públicas e a participação da sociedade civil. Através de sua coluna, busca informar e engajar os leitores, promovendo um debate saudável sobre a realidade política de Sergipe. Doa a quem doer.

Rian Santos, colunista do Jornal do Dia, é um articulista de primeira, reconhecido por suas análises e opiniões sobre diversos temas. Sem descuidar do mundinho político local, ele se destaca como profundo conhecedor do ambiente cultural e por sua capacidade de abordar questões relevantes de forma clara e envolvente, contribuindo para o debate público. Conhece a arte da política e conhece como ninguém a arte que se pratica nas ruas, da periferia à coxia do Teatro Tobias Barreto.

Rian Santos

Fazer bom jornalismo envolve uma série de princípios fundamentais que garantem a qualidade e a integridade da informação. Um bom jornalista deve ser transparente sobre suas fontes, evitar conflitos de interesse e dar voz a diferentes perspectivas, promovendo o debate e informando. Deve ter anotado em letras grandes na sua mesa que jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados, como bem ensinou Millôr Fernandes.

Credibilidade das Mídias

A recente pesquisa Credibilidade das Mídias, realizada pela agência de inteligência de dados Ponto Map, em parceria com a V-Tracker, apontou que os brasileiros ainda consideram os veículos tradicionais de imprensa como os mais confiáveis, quanto à credibilidade das informações. Mesmo as redes sociais sendo o principal canal de o à informação, a população brasileira acredita que a credibilidade vale mais do que o alcance.

A pesquisa concluiu que a forma como as informações são disseminadas impacta a percepção de credibilidade. A maioria dos entrevistados prefere se informar por meio de rádios, TVs, jornais impressos e portais de notícias online. Ainda conforme a pesquisa, a confiança no jornalismo profissional é fundamental para a formação de uma opinião pública informada.

Acreditando nesse potencial, e aparentemente remando contra a maré, os idealistas Elenilton Pereira e Gilvan Manoel fundaram um jornal que, já no seu nascimento, em pleno governo João Alves Filho, se transformou numa voz divergente. Ousou não apenas denunciar irregularidades na gestão estadual, como também abriu espaços para vozes da oposição, os sindicatos e a gestão do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, do PT.

No ano seguinte, se transformou no veículo que mudou as regras na campanha para o governo estadual e se transformou no jornal mais utilizado pelos candidatos da oposição nos programas eleitorais. Em 2007, quando Déda foi empossado governador, denunciou manobras do Tribunal de Contas do Estado para engessar a istração e deu ampla cobertura a escândalos de repercussão, como a Operação Navalha.

Mas o mais importante, o Jornal do Dia é um veículo democrático, que respeita opiniões e mantém um diversificado número de colaboradores. Antenado com esse tempo de mudanças tão radicais na comunicação, vem seguindo a máxima de que o papel do jornalismo é desconfiar sempre do poder público, ao mesmo tempo que reverbera o pensamento da coletividade, informando com a necessária rapidez, analisando a notícia com a máxima isenção e prestando serviço à sociedade.

*É jornalista. [email protected]

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O fim dos tiranos 1s2925 /blogs/marcos-cardoso/o-fim-dos-tiranos-2/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Sun, 23 Feb 2025 10:56:51 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[bolsonaro]]> <![CDATA[hitler]]> <![CDATA[mussolini]]> /?p=576852 <![CDATA[

Por Marcos Cardoso* O tirano é um animal que viceja na estupidez humana, cresce como um ser superior, julga-se imortal quando no poder, vive atormentado por fantasmas, sofre tresloucado quando invariavelmente fracassa e morre tragicamente. A história é implacável e está fartamente ilustrada com figuras dessa estampa. Tome-se como exemplo dois tipos cujos malditos legados […]

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Por Marcos Cardoso*

O tirano é um animal que viceja na estupidez humana, cresce como um ser superior, julga-se imortal quando no poder, vive atormentado por fantasmas, sofre tresloucado quando invariavelmente fracassa e morre tragicamente. A história é implacável e está fartamente ilustrada com figuras dessa estampa.

Tome-se como exemplo dois tipos cujos malditos legados o mundo ainda insiste em não sepultar de uma vez: Adolf Hitler e Benito Mussolini. O italiano inspirador do fascismo foi executado por partigianos numa tarde de 28 de abril de 1945, abraçado com sua amante, Claretta Petacci, após mais de 20 anos à frente de uma ditadura que levou o seu povo à miséria. Duas tardes depois, o sócio alemão pai no nazismo suicidou-se, ao lado da mulher Eva Braun, depois de 11 anos liderando um nacionalismo e um militarismo ferozes, que resultaram no mais odioso e brutal genocídio já levado a efeito por toda a humanidade.

A “motociata” de Mussolini, inspirador do fascismo

Um dia, o castelo perpétuo do tirano vai ruir. O delírio de poder eterno dos dois começou a virar loucura quando alemães e italianos foram derrotados pelos britânicos no norte da África. “A roda da fortuna deu a volta no dia 29 de junho de 1942”, escreveu o próprio Mussolini, citado por Joel Silveira no livro “Segunda Guerra Mundial: todos erraram, inclusive a FEB” (Espaço e Tempo, 1989).

“Ao saber das más-novas, Mussolini foi inesperadamente acometido de ináveis dores no estômago, que o prostaram”, narra o jornalista sergipano, o mais destacado correspondente daquela guerra. “O homem parece mais humilhado que doente, está triste e incapaz de reagir ao peso da idade (Mussolini tinha, então, 59 anos)”, teria dito um hierarca do fascismo.

Silveira vai contando: em fins de 1942, Benito Mussolini é um homem profundamente marcado, física e moralmente é a caricatura do que foi. A entrada da Itália na guerra só lhe trouxe derrotas, decepções e humilhações. O Duce via-se relegado cada vez mais a um segundo plano – e logo não seria mais que um títere do Führer alemão.

A vida do ditador ficaria pior em julho de 1943, quando os primeiros soldados aliados desembarcariam na Sicília, dando início à tomada da Itália. Registre-se que a conquista da ilha contou com o apoio da Máfia, em acordo com os americanos. Esse gesto histórico prova que é preciso se aliar aos inimigos para derrotar um inimigo maior e mais belicoso.

“Tudo isso havia minado profundamente o físico e o moral de Mussolini. Sua antiga úlcera voltara a lhe queimar as entranhas e eram mais constantes os seus os de vômitos. Encovam-se visivelmente suas faces, os pomposos uniformes (a maioria deles por ele próprio desenhada) começam a lhe dançar no corpo que emagrecia”. Seus subordinados começam a resmungar contra ele.

“Quando a sorte da Sicília lhes pareceu definitivamente selada, o rei e muitos dos líderes fascistas chegaram à óbvia conclusão de que era tempo de se livrarem de Mussolini”. Nota: a Itália ainda era uma monarquia, que tinha como bobo da corte o débil rei Emmanuel III.

O Grande Conselho Fascista foi reunido, Mussolini foi preso, percorreu algumas prisões, até ser resgatado de um Albergo no cume do Gran Sasso por uma espetacular ação de paraquedistas alemães. A melodramática libertação causou uma grande excitação no país e no exterior, segundo palavras de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda nazista.

Mas Mussolini virou definitivamente uma marionete nas mãos de Hitler quando instalado como chefe de uma fantasiosa república nas proximidades de Milão. Ameaçado pela resistência italiana, fugiu com a amante escoltado por uma coluna alemã, mas foi alcançado pelos partigianos antes de chegar à Suíça.

Joel Silveira conclui: “No dia seguinte, 29 de abril de 1945, um domingo, às 9 horas e 30 minutos da manhã, o corpo de Mussolini (juntamente com o de Claretta Petacci, de Pavolini, de Starace, de Bombacci e de Gelormini) era levado para Milão e jogado no chão duro do Piazzale Loreto. Em seguida, atendendo os reclamos da multidão compacta, foram dependurados de cabeça para baixo, para que todos pudessem vê-los, num travessão de um posto de gasolina”.

Laura Fermi, a mais credenciada biógrafa de Mussolini, também citada por Silveira, escreveu: “Assim terminou a longa ditadura do homem que penhorou a liberdade, sufocou o pensamento independente e conduziu seu país a uma guerra desastrosa. Deixou atrás de si pouco pesar, pois aquele amor por si, que julgava tão arraigado em seu povo, estava destilado. Poucos o choraram; muito mais rejubilaram-se com a liberdade reconquistada e com a nova esperança que surgia da sua morte”.

Hitler drogado

Hitler vivia sob efeito de drogas. Abusava das injeções, chegando a tomar doze delas por dia, e de Pervitin (metanfetamina), a droga secreta que estimulava os soldados nazistas, além de morfina, soporíferos e até afrodisíacos. “Hoje se sabe que ele estava sob os efeitos daquele poderoso estimulante quando de todas as decisões que, a partir de 1942, tomou no terreno militar, e que resultaram em tão terríveis desastres”, escreveu o jornalista sergipano em outro capítulo do livro citado.

Assim drogado, e de forma tão maciça, com doses que Morell (o médico apontado como charlatão) ia aumentando de dia para dia, Hitler é um farrapo humano, afirma Joel Silveira: “Seu braço direito e sua perna esquerda tremem, atacados de Paralisis agitans; os olhos se mostram exageradamente dilatados; a pele é de um pálido esverdeado e doentio. Já não pode expor-se ao sol, de forma que toda a sua atividade é desenvolvida à noite, nos insólitos horários por ele estabelecidos que faziam o desespero dos seus colaboradores, particularmente dos seus generais”.

Vegetariano, mas glutão, o pai do nazismo ingeria enormes quantidades de bolos, tortas, doces de toda espécie e chocolate. “Sofrendo terrivelmente de prisão de ventre, era presa fácil de flatulência e, para corrigi-la, engolia uma atrás da outra certas pílulas antigases que Morell lhe receitava, e em cuja composição entrava a estricnina”.

Em 16 de abril de 1945, quando Eva Braun reencontra no bunker da Chancelaria o homem que de fato amava, apesar de Hitler tentar de toda maneira dissuadir a amante do seu propósito de encontrá-lo, a situação de Berlim já estava selada. Além da investida dos aviões ingleses e americanos, a cidade que agoniza também sofre com os bombardeios soviéticos, que despejam impiedosamente seus obuses certeiros sobre o que resta da outrora capital do III Reich.

Não é apenas Berlim que está em ruínas, mas também Hitler, constata Joel Silveira. O ministro “Albert Speer, que o visitou pela última vez quando do seu 56º aniversário, no dia 20, espantou-se com o aspecto físico do Führer: ‘…eu tinha diante de mim um decrépito ancião. Tremiam-lhe as mãos, andava curvado e arrastando os pés. Até a voz era insegura e perdera o antigo vigor, sendo a forma de falar titubeante e monótona. (…) O uniforme, antes impecável, estava naqueles últimos tempos frequentemente desalinhado e manchado pelo alimento que levava à boca com a mão trêmula’”.

O decrépito e quase derrotado Hitler já tinha decidido suicidar-se e Eva Braun morreria com ele. “Não lutarei. Há o perigo de que eu seja apenas ferido e caia vivo nas mãos dos russos. Nem quero que os meus inimigos mutilem meu corpo. Dei instruções para que seja incinerado. Fraulein Braun quer morrer comigo”, disse a Speer, que posteriormente declararia que teve “a impressão de já estar falando a um morto”.

Ministro da Produção e do Armamento, Albert Speer foi um dos 21 dirigentes do III Reich levado a julgamento no Tribunal de Nuremberg, em 1946. Diferentemente dos 11 carrascos que foram condenados à forca, ele pegou 20 anos de detenção.

O golpe mortal que atingiu Hitler foi a notícia da morte de Mussolini, de sua amante Claretta Petacci, e da maioria dos líderes fascistas. Ele decide que se matará assim que se casar com Eva Braun, o que acontece na madrugada do dia 29, numa cerimônia realizada no próprio bunker. Logo depois, Hitler dita seu testamento para a secretária. Uma sorridente Eva Braun despede-se de todos, faz recomendações e doa seu casaco de pele para a própria secretária.

É Joel Silveira quem descreve o ato derradeiro da vida do tirano. “Três horas da tarde do dia 30 de abril de 1945. Há já algum tempo Hitler e Eva estão encerrados em seus aposentos privados. À porta da antecâmara que conduz às dependências do Führer, o coronel Otto Gunsche monta guarda. E é ele quem conta: ‘De repente ouvi um tiro. Bormann (secretário pessoal de Hitler) foi o primeiro a entrar. Eu segui logo atrás de Lunge, o camareiro de Hitler. O Führer estava sentado numa cadeira: havia dado um tiro na boca. Eva estava estendida num divã. Tirara os sapatos, arrumando-os junto ao sofá. O rosto de Hitler estava coberto de sangue. Eva pa um vestido azul com gola e punhos brancos e tinha os olhos completamente abertos. Na sala havia um odor penetrante de cianureto, o veneno que ela havia ingerido’”.

Os dois corpos, enrolados em lençóis, foram levados até o jardim da Chancelaria, que continuava a ser intensamente martelada pela artilharia soviética. O motorista de Hitler encharcou com 200 litros de gasolina os dois corpos e ateou fogo. Os despojos incinerados do Führer e de sua agora mulher foram enterrados ali mesmo, saudados pelos canhões inimigos. “No fim da vida, Hitler matou pessoalmente talvez a única pessoa que realmente o amou e que, por causa disso, tenha amado”, encerra Joel Silveira.

É o fim dos tiranos. Assim foi com o ditador Augusto Pinochet, que governou o Chile com mão de ferro de 1973 a 1990, e terminou a existência respondendo a processos e sofrendo prisão. Assim foi com o ditador argentino Jorge Videla (1976 a 1981), que terminou seus dias numa cadeia nos subúrbios de Buenos Aires. Não foi diferente com Getúlio Vargas, o tirano que se suicidou quando já não era ditador e exercia um governo democrático. E não deixa de ser emblemático o desfecho da ditadura militar no Brasil, quando o general João Baptista Figueiredo se despediu melancolicamente do poder, deixando o Palácio do Planalto pela porta dos fundos.

Assim está na história: o tirano um dia paga pela sua tirania. Quem é o próximo?

*É jornalista. [email protected]

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/blogs/marcos-cardoso/os-penduricalhos-do-judiciario-cia/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Mon, 17 Feb 2025 00:57:00 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogs2025]]> <![CDATA[pgr]]> <![CDATA[stf]]> <![CDATA[tcu]]> <![CDATA[tjse]]> /?p=575905 <![CDATA[

Marcos Cardoso* O supremo ministro Flávio Dino também vai questionar as imorais aposentadorias de juízes que cometeram crimes? Recentemente, ele condenou salários abusivos de juízes e suspendeu retroativos de alimentação, considerando um “inaceitável vale-tudo”. A Justiça Federal de Minas Gerais havia liberado o pagamento retroativo a juiz relativo à verba indenizatória por auxílio-alimentação de 2007 […]

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Marcos Cardoso*

O supremo ministro Flávio Dino também vai questionar as imorais aposentadorias de juízes que cometeram crimes? Recentemente, ele condenou salários abusivos de juízes e suspendeu retroativos de alimentação, considerando um “inaceitável vale-tudo”. A Justiça Federal de Minas Gerais havia liberado o pagamento retroativo a juiz relativo à verba indenizatória por auxílio-alimentação de 2007 a 2011. Uma indecência.

O ministro Cristiano Zanin pediu explicações ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso e o Conselho Nacional de Justiça mandou suspender o auxílio-alimentação de R$ 10 mil pagos aos magistrados do Estado em dezembro. O tribunal defendeu a legalidade do que ficou conhecido como o vale-peru, por “assegurar a cobertura das necessidades nutricionais diárias” de servidores e magistrados. Um deboche.

A Folha de São Paulo apurou que os funcionários do Judiciário federal e dos estados lideram os ganhos salariais entre todas as carreiras do funcionalismo. Os servidores da Justiça Federal conseguiram ganhos de 130,1% acima da inflação desde 1985 e, nos judiciários estaduais, a alta foi ainda maior: 213,6%. Sem contar que o bolo que a elite do funcionalismo leva para casa cresce mais com um fermento chamado penduricalho.

Graças a esses benefícios criados nos gabinetes das próprias cortes, milhares de juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores burlam o teto constitucional, que é de R$ 46.366,19 desde 1º de fevereiro e corresponde aos salários de ministros do STF, do presidente da República, deputados federais e senadores.

Em Sergipe, todos os 81 magistrados do TJSE receberam em dezembro ado supersalários superiores a R$ 100 mil, quando os contracheques nos estados eram então constitucionalmente limitados a R$ 39,7 mil, cerca de 90% do subsídio mensal de um ministro do STF. A denúncia do Sindijus (Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado de Sergipe) repercutiu nacionalmente no jornal O Globo e não se conhece uma explicação do Tribunal de Justiça para tal prêmio natalino.

“Além das verbas salariais previstas na Constituição, como subsídio e 13º salário, constam nas remunerações dos magistrados gordas indenizações (auxílio-saúde de R$ 6 mil, auxílio-alimentação e auxílio-folga de até R$ 13 mil – benefício pago aos juízes sergipanos por folgas adquiridas a cada três dias trabalhados), vantagens pessoais (adicional por tempo de serviço) e eventuais (adicional de férias e indenização de licença-prêmio)”, denuncia o texto assinado por Rodrigo Castro na coluna de Lauro Jardim.

Simetria constitucional

A coisa só piora quando o Ministério Público e até os Tribunais de Contas se utilizam de um mecanismo legal chamado simetria constitucional para também inflarem vencimentos dos procuradores da República ou dos estados, promotores, ministros do TCU, conselheiros e membros dos Ministérios Públicos de Contas.

O princípio da simetria está assegurado na Constituição. O artigo 129, § 4º, determina que o MP deve ter aplicados, no que couber, os mesmos direitos e deveres da magistratura. Os Conselhos Nacionais do Judiciário e do MP entendem que os benefícios concedidos a juízes também devem ser aplicados a promotores e vice-versa.

Já os ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (Emenda Constitucional nº 20, de 1998). E os conselheiros de Tribunais de Contas são equiparados aos magistrados (art. 73, § 3º, da CF/88, sendo-lhes aplicada, por analogia, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional).

Um estudo do DadosJusBr, projeto da Transparência Brasil, de 2023, revelou como o abuso do princípio constitucional da simetria entre as carreiras do Judiciário e do Ministério Público originou a criação de uma licença compensatória. A benesse é fruto de uma série de distorções da gratificação por exercício cumulativo. Recebem valor extra correspondente a 1/3 do salário magistrados e promotores que atuam em mais de um juízo ou são responsáveis por muitos processos.

Parece que o STF despertou para o descalabro que é o abuso da legislação gerando esse inaceitável vale-tudo definido por Flávio Dino. Será necessário fazer uma revisão da Constituição para dar um freio a essa farra? O Congresso estaria disposto a mexer com a casta dos juízes? A ver.

Aposentadoria compulsória

Não nos descuidemos que outro benefício muito exclusivo praticamente absolve os senhores magistrados que por ventura tenham cometido algum crime. É a aposentadoria compulsória de juízes, considerada uma pena disciplinar que pode ser aplicada pelo tribunal onde o magistrado atua ou pelo Conselho Nacional de Justiça.

Acredite que a aposentadoria compulsória é considerada a mais grave das cinco penas disciplinares que podem ser aplicadas a juízes vitalícios e pode ser aplicada até quando o magistrado cometer crime comum ou de responsabilidade.

Recentemente, houve um caso no Tribunal de Justiça de Sergipe (já houve outros no ado), quando o desembargador Luiz Antônio Mendonça foi afastado após uma demorada decisão do CNJ. O desembargador foi aposentado compulsoriamente no dia 17 de setembro de 2024, quando faltavam apenas três meses para completar 75 anos, idade limite para permanecer no cargo.

O magistrado que é aposentado compulsoriamente continua a receber proventos ajustados ao tempo de serviço. E não importa que ele seja peça central de investigação da Polícia Federal que apurou a venda de sentenças judiciais a integrantes de uma organização criminosa com atuação em cidades sergipanas.

*É jornalista. [email protected]

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Os anões do orçamento 2j1x6q /blogs/marcos-cardoso/os-anoes-do-orcamento/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Sat, 08 Feb 2025 02:00:40 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[boscocosta]]> <![CDATA[joaoalves]]> <![CDATA[orçamento]]> /?p=574991 <![CDATA[

Marcos Cardoso* A Câmara Federal já teve a decência de cortar na própria carne. Hoje, os deputados são até incentivados a cometerem delitos e a punição só acontece se uma grave denúncia levar o Supremo Tribunal Federal a se manifestar. Agora mesmo, a Polícia Federal investigou e a Procuradoria-Geral da República denunciou ao STF o […]

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Marcos Cardoso*

A Câmara Federal já teve a decência de cortar na própria carne. Hoje, os deputados são até incentivados a cometerem delitos e a punição só acontece se uma grave denúncia levar o Supremo Tribunal Federal a se manifestar. Agora mesmo, a Polícia Federal investigou e a Procuradoria-Geral da República denunciou ao STF o deputado federal sergipano Bosco Costa e os deputados maranhenses Josimar Maranhãozinho e Pastor Gil, todos do PL, o partido de Bolsonaro, sob a acusação de tentarem comercializar emendas parlamentares.

Deputado Bosco Costa

A denúncia, de agosto do ano ado, foi encaminhada, na quarta-feira, 5, pelo ministro Cristiano Zanin, relator do caso, para julgamento na 1ª Turma. Os parlamentares, flagrados pela Operação Descalabro, da Polícia Federal, foram acusados de solicitar uma propina de R$ 1,6 milhão ao prefeito Eudes Sampaio Nunes, de São José do Ribamar, no Maranhão, em contrapartida à destinação de recursos públicos federais por meio de emendas no valor de R$ 6,67 milhões.

Segundo a PGR, o líder do grupo, Josimar Maranhãozinho, foi o autor de um ree de R$ 1,5 milhão e coordenou a destinação de recursos enviados pelos dois correligionários. Bosco da Costa, que não tem nada a ver com a prefeitura maranhense, foi quem enviou mais recursos, R$ 4,1 milhões. As verbas foram recebidas pelo município entre dezembro de 2019 e abril de 2020.

Elementos de prova obtidos pela Operação Descalabro demonstrariam que Bosco Costa “tinha ciência de toda a estrutura utilizada para o desvio de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares”.

O prefeito do município maranhense recusou as investidas do grupo, de acordo com a investigação. Mas o vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, afirma ser irrelevante que os denunciados não tenham obtido sucesso na empreitada. “O quadro fático, tal como apresentado, não deixa dúvida de que os atos por eles praticados, nas diversas formas em que se deu a participação de cada um, configuram o crime de corrupção iva, previsto no art. 317, caput, do Código Penal”.

O trio foi denunciado também por organização criminosa, majorado pela participação de funcionário público. A PGR pede a perda de função pública para os deputados e o pagamento de danos morais coletivos no valor de R$ 1.667.000. O julgamento ainda não tem data para acontecer.

João Alves e as loterias

A corrupção que se denuncia hoje faz lembrar que há mais de 30 anos, em 1993, houve a I do Orçamento, que representou um marco político para o país por ter sido a primeira vez que os parlamentares investigaram seus próprios colegas, apurando o desvio de verbas públicas. O escândalo ficou conhecido como Anões do Orçamento. O esquema de corrupção organizado por parlamentares do baixo clero desviava recursos do Orçamento da União destinados a obras de assistência social e de infraestrutura para entidades fantasmas controladas por parlamentares.

Os Anões do Orçamento faziam referência aos sete deputados da Comissão, liderados pelo deputado baiano João Alves (PPR), que lavava o dinheiro comprando cartões de loteria premiados. Dos 18 parlamentares acusados de participar do escândalo, seis foram cassados, oito foram absolvidos e quatro renunciaram. O mais importante dos envolvidos foi o deputado Ibsen Pinheiro, um dos cassados. Foi ele quem presidiu a Câmara na votação da abertura do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello em 1992.

O deputado baiano João Alves

O funcionamento da I tumultuou a vida parlamentar, paralisou a atividade legislativa e contribuiu para o fracasso da revisão constitucional prevista para atualizar alguns artigos da Constituição de 1988. Mas, como resultado dos trabalhos da I, algumas medidas foram adotadas para garantir mais transparência à tramitação da lei orçamentária. Entre elas, o rodizio dos integrantes da Comissão do Orçamento para evitar a formação de feudos como o que foi mantido pelos “anões”. Tal rodízio certamente não teria nenhum efeito hoje.

Bosco Costa

Em 2019, o Ministério Público Eleitoral ajuizou ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) e pediu a cassação do mandato do deputado eleito Bosco Costa por abuso de poder econômico na eleição de 2018. Ele foi acusado de fraudar R$ 485.350 dos R$ 2,09 milhões gastos em sua campanha eleitoral. O TRE julgou pela cassação, mas o TSE considerou válida a eleição. Em 2022, ele ficou na suplência, assumindo a cadeira de deputado federal em 2024, na vaga de Ícaro de Valmir (PL).

*É jornalista.

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Fernanda Torres não está só 1433p /blogs/marcos-cardoso/fernanda-torres-nao-esta-so/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Tue, 07 Jan 2025 18:48:29 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[aindaestouaqui]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[fernandatorres]]> /?p=570720 <![CDATA[

Marcos Cardoso* Há muita genialidade e genealogia por trás do valioso Globo de Ouro conquistado por Fernanda Torres na madrugada de domingo para segunda-feira, prêmio da crítica concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. A homenagem que ela recebeu por sua interpretação confirma a importância de um dos melhores filmes já realizados no Brasil. […]

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Marcos Cardoso*

Há muita genialidade e genealogia por trás do valioso Globo de Ouro conquistado por Fernanda Torres na madrugada de domingo para segunda-feira, prêmio da crítica concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. A homenagem que ela recebeu por sua interpretação confirma a importância de um dos melhores filmes já realizados no Brasil.

Marcelo Rubens Paiva, Fernanda Torres, Walter Salles e Selton Melo no Festival de Veneza

Marcelo Rubens Paiva

No filme “Ainda Estou Aqui”, Fernanda dá vida a Eunice Paiva, a viúva do engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva, que vê o marido ser levado à tortura e assassinato pela ditadura militar em 1971. O corpo jamais foi encontrado. O drama de Eunice, até recentemente uma desconhecida para a maioria dos brasileiros, é a linha dorsal do romance de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal.

O livro é a volta de Marcelo a um drama autobiográfico, já que se tornou famoso como escritor com “Feliz Ano Velho”, lançado em 1982, que narra a experiência pessoal do acidente que o deixou tetraplégico depois de um mergulho em um lago.

O livro “Ainda Estou Aqui”, de 2015, apoiado na relação de Marcelo com a mãe, detalha a luta de sua família pela verdade e justiça, e como Eunice se reinventou tornando-se advogada e destacada defensora dos direitos indígenas, até ser vencida pelo Alzheimer.

Marcelo Rubens Paiva é autor de inúmeros livros, peças de teatro e roteiros de cinema. Ele colaborou com o roteiro do filme dirigido pelo amigo de adolescência Walter Salles.

Walter Moreira Salles

Essa relação pessoal com a história, já que Walter frequentava a casa no Leblon que é ela mesma também personagem do filme, envolve o cineasta com o drama vivido pela família Paiva e certamente o inspirou a dirigir um dos seus filmes mais premiados. Isso não é pouco para quem é o principal cineasta do Brasil em atividade, diretor do emblemático “Central do Brasil” (1998) e “Diários de Motocicleta” (2004), que retrata a juventude de Che Guevara, dentre outros.

“Ainda Estou Aqui”, o filme, estreou no dia 7 de novembro e já foi assistido por mais de 3 milhões de brasileiros. Muitos jovens estão descobrindo agora que houve uma ditadura perversa por aqui.

Uma curiosidade sobre Walter Moreira Salles é que ele é um dos homens mais ricos do Brasil e o terceiro cineasta mais rico do mundo, atrás apenas de George Lucas e Steven Spielberg. Um dos herdeiros do Itaú Unibanco e de empresas que dominam o mercado de nióbio no mundo, ele tem uma fortuna pessoal estimada pela Forbes em US$ 4,2 bilhões (quase R$ 26 bilhões pela cotação atual).

Como pode um homem tão rico gostar de fazer um cinema humanista, de filmar temas de fortes conteúdos políticos e sociais comumente mais afeitos à formação de esquerda? Há comentários jocosos que o tratam como “banqueiro contra a ditadura militar”, mas, discreto, ele não fala sobre a vida pessoal. Prefere dizer que um país sem memória é um país sem presente e sem futuro.

No momento, está concluindo uma série sobre Sócrates, jogador de futebol, que considera um dos construtores da redemocratização do país.

Fernanda Montenegro

A relação de Walter Salles com Fernanda Torres também é antiga. Em 1995, ele e Daniela Thomas (uma das roteiristas de “Ainda Estou Aqui”) dirigiram “Terra Estrangeira”, que foi protagonizado por Fernanda Torres. Em 1998, estreou “O Primeiro Dia”, o segundo longa com direção de Walter e Daniela com participação de Fernanda.

Ainda em 1998, a relação de Salles com a família Torres se consolidou na realização de “Central do Brasil”, estrelado por Fernanda Montenegro. O drama de Dora e Josué ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. E a performance de Fernandona mereceu a indicação como Melhor Atriz no Oscar e Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro.

O Globo de Ouro que Fernanda Montenegro não ganhou a filha conquistou 26 anos depois. Oscar de Melhor Atriz ainda é uma possibilidade para Fernanda Torres, agora tornada possível com o prêmio dessa semana. “O prêmio do Globo de Ouro reconhece, pontua e ilumina essa grande atriz brasileira que é Fernanda Torres. É um fato difícil de se alcançar. Eu sei na pele”, escreveu a mãe em carta aberta à filha. Ela também está no filme interpretando Eunice já sofrendo com a doença que a acometeu no fim da vida.

Filha da reverenciada atriz nacional e do ator e diretor Fernando Torres, irmã do diretor, roteirista e produtor de cinema Cláudio Torres, casada com o também diretor, produtor e roteirista de cinema Andrucha Waddington, a agora consagrada Fernanda Torres foi, em 1986, com apenas 20 anos, a primeira artista brasileira a ganhar a Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes por sua atuação em “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de Arnaldo Jabor.

Com essa bagagem toda parece fácil. Ainda mais podendo contracenar com colegas tão competentes, como Selton Melo, um Rubens Paiva materializado em vida. Mas tem que ter muito talento.

*É jornalista.

Foto: AFP

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Não foi tão bom? 1j321g /blogs/marcos-cardoso/nao-foi-tao-bom-2/ <![CDATA[Marcos Cardoso]]> Tue, 31 Dec 2024 14:15:49 +0000 <![CDATA[Marcos Cardoso]]> <![CDATA[2025]]> <![CDATA[blog]]> <![CDATA[blogdodia]]> <![CDATA[jornaldacidade]]> <![CDATA[ufs]]> /?p=570033 <![CDATA[

Marcos Cardoso* Quando era menino, uma das questões que mais me inquietavam era como seria o ano 2000. Enquanto andava pelas ruas à noite, pensando sobre com quantas e quais mulheres eu um dia deitaria, agitavam-me outros anseios. Será que a ditadura vai mesmo acabar? Será que o brasileiro deixará de ser racista? O sexo […]

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Marcos Cardoso*

Quando era menino, uma das questões que mais me inquietavam era como seria o ano 2000. Enquanto andava pelas ruas à noite, pensando sobre com quantas e quais mulheres eu um dia deitaria, agitavam-me outros anseios. Será que a ditadura vai mesmo acabar? Será que o brasileiro deixará de ser racista? O sexo feminino deixará de ser uma categoria de segunda classe? Ainda haverá lugar para a poesia? E se uma tototó afundar na travessia para a Atalaia Nova?

Já se aram 25 anos da virada do milênio e hoje olho para trás e penso nos livros que deveria ter lido e ainda não li. Lembro que os bons da sociologia estão esperando na estante, mas me vanglorio de Shakespeare e de Machado, dos clássicos gregos, dos russos e dos ses, dos Guimarães, dos García Márquez, dos Vinicius, dos Drummond, dos Kaváfis e dos Baudelaire. Ótima escola para um mau aluno. Ulisses de Joyce parei no meio. Em busca do tempo perdido de Proust, não consegui vencer os seis volumes. Mas disso não me arrependo.

Me arrependo dos corredores, saltitantes, rastejantes e voadores que assassinei. Hoje, nem pescar eu gosto. Detesto ver seres vivos engaiolados, qualquer um, prefiro o bicho solto. Quero perder meu tempo, rosto ao vento, apreciando a engenharia das nuvens, o brilho de infinita variação dos verdes, cantares alegres nas manhãs de cada dia que nasce.

Venho de origem nobre, do bancário Augusto Correia e da professora Normélia Melo de Araújo, da Capela e de Aquidabã; do vaqueiro Joaquim Cardoso e da caçadora Ester Santana, de Itabaianinha. Um dia, sem Quincas, ela teve que empunhar a espingarda de dois canos e foi buscar comida para os meninos. Meus pais, Cardoso e Luiza, me ensinaram a desfrutar de todo o bem acumulado pela família: o dom de viver em paz e ser feliz.

Projetei casas e quis ser arquiteto de prédios e praças, acabei no jornalismo. Por influência das letras, e daquela que me botou no mundo e que chorou quando saí de casa aos 20 anos. “O que eu fiz pra você?” Ela nunca compreendeu.

Fui ungido pela indulgência dos mestres Nelson Correia de Araújo, Áurea Melo, Américo Cardoso, Luiz Antonio Barreto, João Costa, Wellington Mangueira, Ivan Rodrigues, Eduardo Almeida, César Gama, Luiz Eduardo Costa, Luiz Melo, Ivan Valença, Cleomar Brandi e Amaral Cavalcante, dentre outros que se perderam no caminho. Com eles, aprendi que o mais importante de tudo é o homem, em qualquer circunstância e dimensão.

Fiz jornal e revista alternativa, frequentei as melhores redações, da Folha da Praia à A Tarde, da Bahia. Vivenciei o dia a dia de todos os jornais e televisões locais, e cada um acrescentou tijolinhos à minha formação profissional, mas não dá para esquecer do início na TV Aperipê, do tempo luminoso da TV Sergipe, do romantismo do Jornal da Cidade, da experiência de gestor na Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Aracaju e na Diretoria de Comunicação do Tribunal de Contas, do laboratório Ciência Press na Facom da UFBA, dos mais de 30 anos de Universidade Federal de Sergipe, claro, do Ceav, da Rádio e TV UFS.

Enquanto fui ali no quintal chupar um caju do pé, lembrei que trago no coração todos os dias, às vezes à distância, os irmãos Fernando, Ana, Haroldo, Heloísa e Luciana. E os não menos inolvidáveis Zé Augusto, Toinho Góes, João Ramalho, Augusto Aranha, Isaias e Chico, Jorge Aragão, Cristina Alves, Adiberto e Eugênio. Com alguns deles criei desavenças, com outros fiz safadezas e alimentei vícios, mas as verdades das consciências manteve a integridade das nossas amizades.

Desenhei, pintei o sete, escrevi de tudo um pouco, publiquei livros, e os mais importantes deles são uma biografia e um romance que dormem há séculos na gaveta. Conheci um pouco desse vasto mundo. Mergulhei nas águas mágicas de Fernando de Noronha, escarpei a Chapada Diamantina e o Pico da Bandeira. Enveredei pela caatinga do Nordeste e dirigi em alta velocidade pela selva amazônica.

Brinquei com a neve de Bariloche, vi o Rio de Janeiro de cima, saltando a Pedra Bonita numa asa delta. Visitei bibliotecas, exposições e museus. Corri atrás de cangurus na Austrália, conheci a Soweto de Mandela, me encantei pela visão de Paris do alto da Torre Eiffel e pela luz da Casapueblo em Punta del Este, me deliciei com o bacalhau do mercado de Lisboa e com a costelinha do Camilo.

Namorei e fui namorado, sofri as dores das paixões e dos desamores, andei em casas que famílias não recomendam, bolinei a sarará Lindete em cima de uma mangueira — ela era banguela, mas tão linda!

Mas caio de dengo mesmo por uma baiana que tenta me colocar no prumo todos os dias, há uma vida, e esse perseverar no amor me amolenga o coração. Né, Nadia? Fiz filhas belas e de sentimentos simples e genuínos, minhas Carol e Paulinha, amantes de cachorros, gatos e papagaios, mães dos apaixonantes Pedro e Luísa.

Enfim, o mundo ainda não acabou e estou vivo para contar! Como diria minha mãe: Não foi tão bom?

*É jornalista.

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