Arquiteta leva suas raízes sergipanas à bilheteria CASACOR SP 2025 38684b

Gleuse Ferreira traz elementos que conectam a tradição com as memórias afetivas ligadas aos seus bisavôs, Lampião e Maria Bonita

A bilheteria assinada por Gleuse Ferreira (Foto: Denilson Machado | MCA Estúdio)

Sob o tema ‘Semear Sonhos’, a 38ª edição da CASACOR São Paulo firma o compromisso de discutir o futuro das cidades sob a ótica de um ecossistema vivo e integrado e, não por acaso, abrilhantará o Parque da Água Branca, verdadeiro símbolo de sustentabilidade e patrimônio verde da capital paulista.

Foi assim, inspirada pela localização e suas referências pessoais, que a arquiteta sergipana Gleuse Ferreira projetou a bilheteria da mostra que acolhe pessoas do Brasil e dos quatro cantos do mundo. “Considero que o primeiro ambiente da CASACOR precisa ser o ponto de convergência entre todas as ideias que o evento se propõe a discutir. Esse foi meu maior desafio: traduzir o tema com autenticidade e personalidade”, destaca. À frente de seu escritório homônimo, a profissional marca presença pela segunda vez e, em 2025, seu projeto intitulado ‘Meu Verde, Meu Sertão’ se reflete como um generoso espaço de 89 m², que homenageia a arte e a cultura do sertão nordestino.

O significado do verde para o sertanejo

No resgate emocional que Gleuse promoveu dentro de si, ela revela sua paixão pelo verde e compartilha que a cor, conhecida por muitos como símbolo da esperança, é uma realidade. Na vida dos brasileiros que moram nos sertões nordestinos, o verde ressurge à paisagem após a tão aguardada chuva, com o significado de renovação da natureza. “Durante uma viagem, tive o privilégio de ver esse sertão repleto de vida e muito diferente do cenário árido que muitos imaginam. Havia cor, movimento e poesia em cada detalhe”, relembra contando que se apaixonou pelo verde muito presente também no Parque da Água Branca.

Mesclando referências de sua trajetória pessoal com elementos oriundos na cultura do nordeste brasileiro, Gleuse propõe uma bilheteria que une o estilo rústico com o moderno, claramente externando aos visitantes a sintonia como essas referências se entrelaçam. Junto com o mobiliário, ela valorizou a curadoria primorosa entre artistas e artesãos, incluindo sergipanos.

Quando visitou, pela primeira vez, o galpão que abriga a entrada do evento, que no ado foi um celeiro, a profissional conta que se deparou com uma estrutura muito bem preservada, o que permitiu intervenções mínimas. “Quase nada precisou de restauro”, observa ela que se encantou com a estrutura de serralheria que sustenta as duas águas do telhado. “Bastou realizar uma limpeza para elevar sua relevância e trazer essa atmosfera rústica que nos faz ainda mais acolhidos”, complementa. No piso, sua escolha foi sobrepor o original com a delicadeza do revestimento cimentício, de 5 x 5 cm, da Colormix.

Layout funcional e acolhedor

O projeto da bilheteria privilegia a fluidez do espaço. O balcão da recepção está posicionado estrategicamente na extremidade oposta à entrada, permitindo organizar as filas de maneira eficiente e proporcionando ao visitante a chance de experienciar o ambiente desde o início.

Um living para encontros

A bilheteria, tão convidativa e acalentadora como uma sala de estar, partiu de uma ideia totalmente funcional. “Muitas pessoas marcam de se encontrar na bilheteria do evento e a composição do ambiente nasceu justamente da ideia de acomodar o visitante enquanto aguarda sua companhia para percorrer a CASACOR”, explica Gleuse Ferreira.

Com mobiliário da Full House, a arquiteta destacou as formas curvas presentes no sofá Fami e a mesa de centro de autoria da designer de produtos Roberta Banqueri, premiada dentro e fora do país. “Inclusive, esse generoso sofá denota o nosso desejo de receber o público como uma grande família”, enfatiza a arquiteta. Na constituição do espaço, o tapete roxo (By Kamy) – tonalidade que Gleuse se apaixonou – entrou em cena para contornar a área na mesma toada das formas orgânicas.

Alinhado com a proposta de trazer o verde do sertão como centro da narrativa, o papel de parede, da Branco.casa, inclui folhagens verdes desbotadas, também presentes no tecido das cortinas, em uma sincronicidade visual delicada e envolvente.

Detalhista, ela arrematou a grande área com a luminária do Estúdio Dentro, que em seu imaginário assemelha-se aos balões de São João que caracterizam as festas juninas. Aliás, toda a iluminação, com fitas de LED embutidas nos caibros e tesouras do telhado, acompanha a atmosfera de uma luz baixa e tranquila.

A arte em cada detalhe do Meu Verde, Meu Sertão

Depois da entrada, ao virar-se para o lado esquerdo, o visitante avista a imponente estante que se sobressai pela robustez de sua marcenaria e o acervo de livros e obras de arte que sublimam a cultura nordestina – grande parte de sergipanos. Bisneta do casal de cangaceiros Lampião e Maria Bonita, Gleuse presta homenagem a seu legado com esculturas do artesão Beto Pezão, que se juntam às ilustrações do artista e poeta Arthur Grangeia nas páginas do livro Bonita Maria do Capitão, de Vera Ferreira, ambas de seu acervo pessoal, e na Coleção Cangaço, da Iludi Design, inspirado no icônico chapéu de Lampião.

Há ainda peças carregadas de valor afetivo, como as porcelanas pintadas à mão por sua avó, Expedita Ferreira Nunes, filha única do casal cangaceiro. Outros objetos remetem à natureza local como o vaso Mangueton, assinado pelo músico e artista visual Nino Karvan e fornecido pela Galeria Mario Britto, inspirado nos manguezais de Sergipe.

Recepção orgânica

A recepção da bilheteria reforça a proposta de continuidade entre os espaços e sua bancada recuada, de contornos suaves e curvos, que confere leveza, funcionando quase como uma escultura funcional. Ao fundo, um ripado segue o mesmo desenho e oculta a chapelaria, proporcionando uma harmonia que guia o olhar com naturalidade e reforça a proposta de um espaço acolhedor e contemporâneo.

“A escolha por uma forma ameboide foi pensada para suavizar o impacto visual e propiciar um ambiente mais atual”, comenta Gleuse, ressaltando a importância de manter a identidade do projeto desde o primeiro contato com o visitante.

O verde, elemento central da narrativa criada pela arquiteta, retorna aqui com elegância e delicadeza por meio da pedra natural. O quartzito Del Mare, originário do Nordeste, reveste a bancada com seus veios esverdeados. Em contraste, o quartzito Michelangelo, em tom claro, equilibra a composição e valoriza ainda mais as nuances da pedra principal. A combinação reforça o vínculo com a natureza e evidencia como o design pode dialogar com a paisagem de origem sem perder sofisticação.

‘Meu Verde, Meu Sertão’ é um tributo às memórias de infância da arquiteta. O projeto conduz o visitante por uma jornada emocional que dialoga com a identidade sergipana e propõe um equilíbrio entre o novo e o ancestral. “Esse elo entre tradição e inovação cria uma atmosfera onde a natureza e o design sustentável caminham juntos rumo ao progresso. É um convite à reflexão sobre a nossa capacidade de construir um futuro melhor”, finaliza Gleuse.

SERVIÇO – CASACOR São Paulo 2025

Onde: Parque da Água Branca – Rua Dona Ana Pimentel, 37 portaria G4 do PAB

Quando: de 27 de maio a 03 de agosto de 2025

Horário de funcionamento do evento: Terça a domingo das 11h às 21h

Horário bilheteria: Terça a domingo* das 11h às 19h

*fechamento da bilheteria física 15 minutos após o último horário. A visita poderá acontecer até às 21h.

Bilheteria digital: https://appcasacor.com.br/events/sao-paulo-2025

Sobre Gleuse Ferreira Arquitetura

Sergipana e formada pela Universidade São Marcos desde 2005, atuou como estagiária no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional) e, trabalhando, na mesma época, no Estúdio Sarasá, participou de obras de restauro em São Paulo. Pós-graduada em Restauro Arquitetônico na UPC (Universidad Politécnica da Cataluña) também se dedicou a realizar um Master em Arqueologia na UB (Universidade de Barcelona). Ainda na Espanha, trabalhou na UT Remolar, empresa responsável pela obra do novo aeroporto de Barcelona, além do escritório do arquiteto Rafael Vila Rodriguez. Ao retornar para São Paulo em 2008, atuou com a arquiteta Cristiana Castro, onde teve seu primeiro contato com design de interiores, reforma de apartamentos residenciais, decoração e se encantou por esse novo mundo. Hoje atua em seu próprio escritório e prepara-se para mais uma edição da CASACOR São Paulo.

Fonte: Assessoria de Imprensa

 

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